De Cuba para Ponta Grossa

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Julio Jorge Amaguer Segura deixa a ilha em nome da liberdade

Diariamente muitas pessoas deixam seus países de origem em busca de oportunidade em outro local. A fuga da guerra, fome ou necessidade de alcançar outras possibilidades de vida motivam famílias a atravessar fronteiras. Uma dessas famílias é a de Julio Jorge Almaguer Segura, natural de Cuba. Ele veio ao Brasil com a sua esposa e filhos em busca de melhores condições de vida. O cubano escolheu Ponta Grossa, a partir de pesquisas em redes sociais. 

A emoção tomou conta de Julio quando vieram as lembranças e motivos que o fizeram sair do país. Ele deixou na ilha de Fidel, os pais e amigos; teve que vender a casa, em busca de liberdade. Para ele, esse foi o principal motivo para sair de Cuba. “É o direito básico do ser humano, o direito de pensar e se expressar. Poder escolher o futuro que você quer para você e seus filhos No meu país as pessoas não têm isso. Você tem que agir como o sistema diz”.

Além da dificuldade de deslocamento e de adaptação a outro país, ele encontra outro desafio: encontrar uma instituição de ensino superior que valide seu diploma. Por muitas vezes, tentou contatar universidades para homologar, mas sem êxito. Ele é formado em engenharia industrial e era responsável pela produção em uma empresa hidráulica. Atualmente, trabalha como auxiliar de operador de máquina fixa em uma metalúrgica. 

Mesmo  não atuando na sua área de formação, ele está feliz em ter uma oportunidade de emprego e aprender algo novo. “É difícil fazer uma coisa que está fora da sua área de trabalho, que não seja preciso colocar  seus conhecimentos na prática. Mas estou grato pela oportunidade. Às vezes precisamos renunciar algumas coisas, e ainda assim eu estou feliz”.

Sua viagem de Cuba para o Brasil foi longa, durou sete dias. O primeiro voo foi até Panamá, lá eles ficaram por um dia. Em seguida, foram a Goiânia e, depois, a Boa Vista, em Roraima, onde ficaram dois dias. Depois pegaram um voo até Brasília e em seguida de São Paulo até Curitiba. Julio mora em Ponta Grossa desde janeiro de 2021 e, durante este intervalo, o principal desafio foi encontrar um emprego. “Minha experiência no Brasil é positiva, mas o que mais me custou foi arrumar um trabalho”, conta.

Entrar em contato com culturas e hábitos diferentes pode ser tão chocante como aprender um novo idioma e com Julio não foi diferente. Antes de vir ao Brasil, estudou brevemente o português com a sua família por vídeo-aulas, mas foi na prática que aprendeu a se comunicar. “A gente conversando e escutando as outras pessoas, vamos pegando o jeito e conhecendo novas palavras”, lembra.

 

Imigrantes em Ponta Grossa

Os imigrantes fazem parte da história do Paraná desde a década de 1870. De acordo com o banco de dados da Prefeitura de Ponta Grossa, foi nesse período que houve o movimento migratório oficial, quando um grande número de russos-alemães vieram ao Paraná. Já na cidade, foi entre os anos de 1877 e 1878 que chegaram 2.381 russos-alemães e, desde então, outros grupos chegam à cidade como poloneses, italianos, sírios, austríacos e portugueses. A Prefeitura ainda afirma que a presença desses imigrantes trouxe mudanças para a região, impulsionando as atividades industriais, além de contribuir com outros setores, como o comércio, transporte e cultura.

Segundo a assessoria da Prefeitura, atualmente o município não dispõe de um equipamento social que realize serviços de atendimento específico à população migrante. As informações sobre os processos imigratórios ficam por conta da Cáritas Diocesana, que realiza o atendimento e orientação. Conforme dados da instituição, por informações repassadas pela Polícia Federal, durante os últimos anos, 2.170 pessoas chegaram em PG, entretanto este número pode ser maior, devido a muitos terem vindo de forma ilegal. Atualmente, 610 imigrantes são atendidos pela entidade.

A Prefeitura oferece apoio aos imigrantes da mesma forma que é oferecido aos demais cidadãos, seja brasileiro ou de qualquer outra nacionalidade. Existe o Comitê do Migrante (Decreto nº 19.728/2021), decretado pelo Poder Público, juntamente com a participação de outros órgãos, para discutir ações de promoção para esse público. As principais motivações que fazem com que os imigrantes escolham o município para viver é relacionada a situação econômica e social de seu país de origem, e a qualidade de vida que a nova cidade pode lhes proporcionar. E os principais países de origem desses imigrantes, no momento, são o Haiti e a Venezuela. Destes dois países estão vindo os maiores contingentes de imigrantes para Ponta Grossa.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Larissa Godoi

Edição e Publicação: André Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa


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