Era uma casa nada engraçada

Era uma casa nada engraçada

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Projeto social reveste residências com caixas de leite para proteção contra o frio e chuva

Domingo de manhã, frio. Estamos em Carambeí, cidade com cerca de 24 mil habitantes, próxima de Ponta Grossa. Voluntários do projeto Brasil sem Frestas se preparam para mais uma ação: revestir uma casa com caixas de leite que, após esvaziadas, limpas e abertas, servem de proteção térmica. A casa está localizada em uma região com ruas de terra, em um local afastado do centro da cidade, com as moradias mais pobres da região. Os terrenos são pequenos, a residência fica nos fundos e as casas vizinhas estão muito próximas umas das outras.

No começo do trabalho, os voluntários pedem para que as pessoas que moram no local, a avó e sua neta, que recentemente deu à luz a duas gêmeas, se retirem para a casa de algum vizinho ou parente. Como as crianças são recém-nascidas, a família preferiu ficar na vizinha. A retirada temporária da família, por algumas horas, acontece tanto para evitar aglomerações, quanto para facilitar o trabalho.

Foto: Deborah Kuki

Os voluntários se distribuem entre os poucos cômodos da moradia, que possui apenas quatro ambientes. Com as caixas e os grampeadores a postos, o trabalho se inicia. Esta é a quarta casa revestida em Carambeí. Além das conversas, é evidente a boa vontade, a ajuda que um voluntário fornece ao outro, seja alcançando uma placa para o revestimento para melhor posição das caixinhas.

Para se ter uma ideia da quantidade de caixas de leite usadas, a voluntária explica que depende do tamanho da residência e do aproveitamento do corte delas. “Considerando uma casa de três metros por seis, com pé direito de dois metros e meio, são utilizadas em torno de mil caixinhas”. Quanto à equipe, o projeto conta com 35 pessoas ativas e de oito a 12 voluntários vão nas casas para realizar a reforma.

Aos poucos, a casa vai se tornando mais quente. As frestas vão sumindo atrás das caixinhas. No rosto dos voluntários é possível perceber a satisfação em fazer um bom trabalho ao sentirem que estão fazendo a diferença na vida de alguém.

Com a chegada do frio, grupos de apoio a pessoas em vulnerabilidade social têm se tornado iniciativas importantes em Ponta Grossa. O Brasil sem Frestas é um projeto que confecciona placas para revestimento de casas, que se encontram em estado precário, reutilizando caixas de leite vazias. Presente em diversas cidades brasileiras, surgiu em 2009, em Passo Fundo (RS). Em Ponta Grossa, a iniciativa começou em 2018 através da coordenadora Evelyn Liber, que conheceu a ideia em Curitiba.

De acordo com Raquel Gutierre, voluntária desde o início, o objetivo do projeto é levar conforto térmico às casas de madeiras com frestas, principalmente no frio, para que fiquem protegidas de chuvas e ventos, além de evitar a entrada de animais peçonhentos. “No verão, as caixinhas também amenizam um pouco a temperatura, já que em sua composição existe a camada de alumínio que desempenha função térmica”.

Qualquer família que se encaixe na proposta do projeto pode ser atendida. No entanto, somente casas de madeira podem receber o revestimento. Isso porque as caixas são costuradas formando placas maiores, a serem grampeadas nas paredes. Em Ponta Grossa, o projeto revestiu 44 casas.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Deborah Kuki

Edição e Publicação: Leonardo Duarte

Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa


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