Embalos de sábado à noite: o legado da Magic Sound em Ponta Grossa

Embalos de sábado à noite: o legado da Magic Sound em Ponta Grossa

Compartilhe

Casa noturna funcionou por 36 anos e marcou a cena musical da cidade 

A cultura de casas noturnas em Ponta Grossa apresenta várias vertentes. É possível encontrar programações de quinta-feira a sábado em diferentes espaços para diferentes tribos. Casas como a Cavan e a Baiacu-Bö lotam todos os finais de semana. Por outro lado, as gerações mais antigas eram embaladas ao som das músicas da Magic Sound Disco Club, uma das principais casas entre as décadas de 1990 e 2010. 

O legado da casa marcou as pistas e a memória dos frequentadores. Atualmente, um grupo no Facebook dedicado à história da Magic conta com mais de 26 mil membros. Entre as postagens estão fotos antigas, as músicas mais famosas, relatos e lembranças, além de vídeos dos grupos de “passinho” que existem até o dia atual. Uma postagem no grupo para encontrar fontes para a reportagem resultou em mais de 80 comentários com sugestões de figuras marcantes para relatar a história da casa. 

A casa noturna Magic Sound em funcionamento | Foto: Acervo pessoal DJ Xandy

A Magic foi fundada em 1979 pelo empresário e figura da área musical, Odival Hill Monçalves, junto com seu filho, Percival. A casa teve início inspirada pelos saraus, com intuito de promover integração social e cultural.  Em 1991, Monçalves se afastou da casa, o que fez com que a danceteria passasse por vários donos até o seu encerramento, em 2015. A Magic ficava na rua Benjamin Constant, próxima ao terminal central. Os ingressos eram vendidos na hora, nada semelhante às plataformas digitais de hoje em dia, e os valores dependiam da festa; de 15 a 20 reais.

Paulo Alexandre Stremel, o DJ Xandy, fez parte da equipe de DJs da Magic por sete anos, de 2004 a 2012. Mas a história do DJ com a casa não começou em 2004: ele passou a frequentar a Magic em 1994, em uma das matinês do dia das crianças. Sim, naquela época, menores de idade tinham entrada liberada em boates. Stremel foi convidado para tocar em um feriado em 2004 e, posteriormente, convidado para ser residente da casa. “Para mim foi um sonho. Eu adorava tocar nos dias das crianças, as crianças ficavam encantadas com as luzes da casa. Muitas dessas crianças, quando viraram adultas, voltaram a frequentar a Magic, mas durante a noite”, relembra. 

O DJ tem muitas lembranças sobre a relevância da casa para a vida noturna de Ponta Grossa. Um dos destaques da Magic era a iluminação móvel, que, segundo Stremel, só existia em algumas casas do Brasil na época. A iluminação funcionava por meio de estruturas que subiam e desciam, fazendo com que a iluminação chegasse mais perto do público. Outro destaque era a diversidade do público, por conta dos palcos que tocavam diferentes gêneros de música ao mesmo tempo. 

O DJ Ikko também começou sua história na Magic como frequentador, em 1996. “Tocar na Magic não era só o meu sonho, mas o sonho de todos os DJs da cidade. Era o ponto máximo para um profissional na época”, explica. Ele começou a tocar em agosto de 2005 e ficou até 2013 como residente da casa. 

Ele conta que o público da Magic era tão receptivo com os DJs que todas as músicas que eles tocavam eram cantadas aos gritos. O DJ Ikko tocava no andar de cima e relata que, quando o público cantava, era possível sentir a estrutura da Magic tremendo. “Toquei em várias cidades do Brasil, mas o que eu senti na Magic com o público era surreal. Nunca vi algo igual e acredito que essa energia não vai existir em lugar nenhum”, afirma.

A Magic encerrou suas atividades em 2015, após uma diminuição no público. Segundo Alexandre Stremel, outro motivo para o fechamento da casa foi o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 2013. Mesmo com o fim da casa, seu legado continua na vida noturna de Ponta Grossa:  não é fácil esquecer dessa magia.

 

Ficha técnica
Reportagem: Maria Helena Denck
Edição e publicação: Cassiana Tozati
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E.P. Amaral

 


Compartilhe

 

Skip to content