Que se f#da o resto, o palavrão faz bem

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Pesquisas revelam que palavrões podem ser benéficos à saúde e às relações sociais

E se eu te contar que o uso de palavrões pode ser sinal de inteligência e vocabulário rico? Pois é! Condenado pela sociedade e, quase sempre, reprimido nos ambientes familiares, de acordo com pesquisas científicas, o palavrão também indica honestidade, criatividade, inteligência, auxilia na diminuição da sensação de dor e pode evitar atos de agressão física. 

Mas, primeiro, o que é o palavrão? O dicionário Aurélio descreve o palavrão como “Palavra obscena, grosseira ou pornográfica, cujo uso pode ofender a quem dela é alvo; palavrada”. De acordo com o doutor em Língua Portuguesa, Paulo de Almeida, o palavrão é uma prática que serve “para expressar várias coisas: raiva, dor ou até mesmo alegria”, explica. O linguista afirma que, embora não faça uso de palavrões, não os enxerga como uma mancha na Língua Portuguesa e também acredita que a prática nem sempre tem como prioridade a ofensa à outra pessoa, mas é, muitas vezes,  “uma forma de desabafo”, avalia. 

De acordo com pesquisa realizada nos Estados Unidos, indivíduos que conseguem achar o palavrão “correto” para cada situação são aqueles com uma capacidade maior de vocabulário. Em entrevista à CNN, um dos autores da pesquisa, Kristin Jay, destaca que saber a situação apropriada para usar palavrões é uma estratégia que envolve habilidade social cognitiva. Segundo ele, é como saber escolher a roupa adequada para cada ocasião. O pesquisador enfatiza que o uso de vocabulário chulo é, na verdade,  uma ferramenta bastante sofisticada.

Benefícios no uso de palavrões

Em outra pesquisa, Jay constatou que pessoas que ‘não tem filtros’ quando vão expressar emoções são as mais honestas. O estudo destaca que aqueles que usavam palavrão nas relações pessoais mentiam menos. A capacidade de encontrar o palavrão mais ‘adequado’ para determinada situação está relacionado ao fator da criatividade. Além disso, a pesquisadora Emma Byrne, autora de “Palavrões fazem bem para você”, destaca que o palavrão é armazenado no lado direito do cérebro humano, parte que os cientistas costumam chamar de “cérebro criativo”.

O professor responsável pelo Laboratório do Palavrão da Universidade de Keele, no Reino Unido, Richard Stevens, realizou pesquisas que correlacionam a sensação de incômodo físico e palavrão. O estudo atestou que pessoas que usam palavrões em situação de dor têm maior capacidade de a suportar e também de aliviá-la mais rapidamente. A pesquisa comprovou que, ao usarem palavrões durante o período de alta exigência física, atletas conseguem ampliar o tempo do ápice da capacidade física.

Quando um cão sente raiva, a tendência é de que ele morda, quando um gato tem o mesmo sentimento, a tendência é que ele arranhe. Esses animais não têm a capacidade humana de se expressar através da linguagem, muito menos com palavrões. O pesquisador Kristian Jay afirmou à CNN que xingar é também uma forma de agressão que não oferece danos físicos. Não que o fato de xingar alguém com palavrões seja recomendado, mas essa prática pode evitar atos físicos violentos. Jay afirma que no momento em que uma pessoa fala palavrão, as outras a sua volta entendem qual o estado emocional dela. A prática também ajuda a controlar o estado emocional.

 

Ficha técnica
Reportagem: Kadu Mendes
Edição: Amanda Martins e Lucas Ribeiro
Publicação: Maria Luiza Pontaldi
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E.P. Amaral


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