Figurinos compõem cenas e constroem personagens
Além do cenário, o figurino das peças de teatro também estimulam a imaginação
Quando uma peça de teatro é elaborada, todos os elementos devem ser levados em consideração para que o público seja transportado à cena e um deles é o figurino. Contribuindo para a elaboração do personagem, o figurino causa o efeito de localizar a peça num determinado contexto histórico e social e de representar a mudança desses durante a ação. Sendo atribuído a ele a função de fazer o espetáculo, por ser capaz de descrever coisas que as palavras muitas vezes não conseguem. E foi assim que o grupo de teatro científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) compôs a peça “Coração em Chagas” para encenar a vida do cientista Carlos Chagas no momento em que descobriu a doença de Chagas no interior do país.
A composição de cada roupa do grupo de teatro inclui desde peças de algodão cru a tecidos mais leves, e alguns com transparência. Os tecidos mais pesados também fizeram parte do figurino com diferentes texturas e isso trouxe às cenas calor e presença. O figurino, ao não ficar uniforme, ganha vida, tem movimento e presença no palco. Para quem tem experiência como ator, diretor, arte-educador, dramaturgo, cenógrafo e produtor artístico, Gilvan Balbino ressalta que qualquer elemento cênico no palco tem importância. “Nada pode ser à toa e o figurino passa pelo mesmo lugar. Qualquer coisa que está em cena, ele tem que ajudar a contar a história”.
Uma das idealizadoras dos figurinos para a peça, Leila Freire, explica que o processo de escolha das roupas buscou retratar o interior de Minas Gerais, onde Carlos Chagas vivia. Por isso, não faltaram saias rodadas, rendas e composição das cores. “Inicialmente a escolha foi por cores em tons crus e um toque de verde, que remetesse um pouco mais a questão do ambiente. No processo da peça entrou também um toque de vermelho em todos os figurinos, especialmente as meias vermelhas”.
Como a intenção do figurino é colaborar com a imaginação, as cores e composições são fundamentais. O único tom vibrante do figuro é o vermelho, que busca retratar o sofrimento, a dor do povo. A ideia de que estão todos fincados nessa mesma dor. “O vermelho veio muito por conta disso. Ele remete ao coração também. Sempre que a gente fala de coração vocês imaginam um coração vermelho, então, se aproxima do imaginário, do popular”, diz Leila.
O figurino da peça foi idealizado para retratar o local onde Carlos Chagas vivia
Para o grupo de teatro, as roupas não chegaram finalizadas, foi uma construção. “Conseguimos algumas prontas, outras a gente realmente confeccionou. Nós fizemos um processo de arrecadação de tecidos, rendas e vários materiais. Nós conseguimos produzir o que era necessário”, ressalta a atriz Leila Freire. O grupo enfrenta barreiras, sem apoio financeiro, para levar cultura e, também, conhecimento para as pessoas. Mesmo com os empecilhos pelo caminho, pode-se dizer que o espetáculo é a idealização de um enredo composto por fatores independentes que são o cenário, a luz, o figurino, a direção, etc. os quais devem ser pensados juntos durante o desenvolvimento da peça.
Ficou com curiosidade para conhecer um pouco sobre o figurino do grupo teatral da UEPG? Acompanhe a matéria completa na próxima edição da revista Nuntiare.
Ficha técnica:
Reportagem: Kauana Neitzel
Fotos: Mafe Santos
Edição e Publicação: Lucas Muller
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Souza