De Uvaranas a Hoovaranas

De Uvaranas a Hoovaranas

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A banda de Ponta Grossa começou com improvisos e agradou a Rolling Stone francesa

 

A cena do rock independente de Ponta Grossa não fazia ideia do que a esperava no início de 2018. Como em todo movimento do tipo, bandas surgem e desaparecem e é normal que nomes consolidados ocupem mais espaços que os emergentes. Porém, ao longo daquele ano, novos selos e novas bandas apareceriam para renovar o cenário na cidade.
O stoner rock (caracterizado pela “sujeira” do som, tanto no baixo quanto na guitarra através de efeitos como o “fuzz”) e o shoegaze (rock introspectivo com predominäncia de efeitos com pedais) estavam em alta nas influências das bandas que surgiram ou se consolidaram naquele contexto. Dentre elas, estava um trio de adolescentes cabeludos que faziam rock instrumental baseado não apenas nas referências mencionadas mas, também, no rock psicodélico e no jazz (se autodenominam “neopsicodélico”). O nome do conjunto é Hoovaranas, composto por Eric Santana na bateria, na época com 18 anos; Rehael Martins, na guitarra, e Jorge Bahls, no baixo, sendo os dois últimos menores, 16 e 15 anos de idade.

Apesar de nem todos os membros morarem na região que inspirou o nome, Uvaranas, a banda relaciona sua identidade a um dos maiores bairros da cidade. Mesmo quem não gosta de rock teria reação de surpresa e curiosidade ao ouvir o nome do grupo. Grafada de maneira única e sem perder a fonética do termo (assim como os Beatles e os Byrds fizeram), Hoovaranas foi rapidamente das experimentações e improvisos à apreciação pelos ouvidos daqueles que frequentam os bares em Ponta Grossa.

Para Eric, o impacto inicial da banda se deve tanto à idade que tinham quanto à novidade sonora que traziam. “No começo, a gente teve dificuldade para tocar em alguns lugares, pela idade, além de sermos subestimados pela galera mais velha”, comenta. Quanto à sonoridade, Eric fala que não se lembra de muitas bandas com a mesma proposta na época e, por isso, também se sobressaíram na cidade. “Misturamos o som instrumental com o rock psicodélico e assim fizemos nosso som autoral. Acho que a gente se destacou bastante por causa disso.”

O guitarrista Rehael Martins lembra que suas expectativas no início eram baixas em alguns aspectos, porém mais ambiciosas em outros. “Eu ainda não estava bem inserido no meio musical para entender certas coisas. Aos poucos fui entendendo melhor como funciona”. Com a evolução da banda, Rehael reforça que buscam sempre melhorar como músicos sem perder a diversão de se estar numa banda, algo recorrente quando se impõe excessiva disciplina no processo artístico. Neste ano, a banda foi pauta da revista Rolling Stones da França.
Acompanhe na próxima edição da revista Nuntiare como a banda de Ponta Grossa caiu no gosto da revista francesa.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Cássio Murilo

Foto: Leopoldo Stadler

Edição e Publicação: Yuri A.F. Marcinik

Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa


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