Há mais de duas décadas saboreando histórias
Aberta em 1994, a Lanchonete Chagas marcou gerações ao longo dos anos
Há 28 anos, um simpático senhor abria sua lanchonete em Carambeí em frente ao Colégio Estadual Júlia Wanderley. Naquele tempo, José Chagas Maciel, 81, não imaginava que marcaria a vida de tantas pessoas, inclusive a minha, pois fui estudante da escola. E história é o que não falta para ser contada entre um lanche e um gole de refrigerante nas experiências da Lanchonete Chagas.
Nascido em Piraí do Sul, o seu Zé, apelido pelo qual ele é conhecido, veio para Carambeí em 11 de junho de 1976. Na época, começou a trabalhar na Cooperativa de Laticínios do Paraná Limitada, onde ficou por quatro meses. Após esse período, ele retornou a Piraí e voltou para o trabalho na cooperativa em 1977. Dessa vez, permaneceu na empresa por 15 anos. De acordo com seu Zé, o local onde trabalhava passou por um período de crise e foi dispensado, assim como aconteceu com outros empregados.
Após dois meses sem emprego, um conhecido dele o indicou para tomar conta de uma pequena banca que havia em frente à cooperativa. Passaram dois anos até que precisou se retirar do local. Foi, então, que surgiu a oportunidade de alugar o atual endereço de sua lanchonete. No entanto, quando procurou pelo dono do estabelecimento, descobriu que já tinha sido alugado. Mas tudo pareceu conspirar a favor dele, dias depois o dono entrou em contato com a família de José oferecendo o espaço. E ali nasceu a Lanchonete Chagas.
José relata que no começo muitas pessoas eram contra o novo empreendimento por ser em frente ao colégio e por não ser conhecido na cidade. A confiança e carinho vieram com o passar do tempo pelas pessoas que frequentam o local. É visível nos olhos e nas palavras que ele usa para falar da sua clientela, principalmente dos estudantes, que são crianças e adolescentes. “Quero muito bem às crianças, desde o início até hoje”, fala sorrindo.
A relação que mantém com os alunos e com os professores também marca um dos momentos mais emocionantes de nossa entrevista. Sentado à minha frente em uma das mesas da lanchonete, seu Zé conta sobre o momento emblemático que ficou no comando do balcão do estabelecimento. No dia do seu aniversário, os professores do colégio fizeram uma surpresa para parabenizá-lo. “Aquele monte de professores cantando parabéns e me abraçando”, conta com lágrimas nos olhos, mas sorrindo com a lembrança. E as surpresas não pararam por aí. Naquele mesmo dia, enquanto acompanhava a saída dos alunos do colégio, José relata que os estudantes que estavam com o professor Carlos no portão da instituição correram para abraçá-lo assim que foram liberados.
Ainda que grande parte de seus clientes sejam os estudantes, seu Zé também conta que muitos motoristas frequentam o estabelecimento, seja para tomar café ou para bater papo no balcão. Além deles, há também as pessoas que esperam pelo ônibus no ponto em frente à lanchonete e que acabam criando um vínculo com o local.
Quando pergunto a ele como se sente fazendo parte da história de tantas pessoas, seu Zé não controla a felicidade ao responder que é muito significativo para ele saber que, mesmo as pessoas saindo do Colégio ou de Carambeí, não se esquecem dele. Aliás, muitos vão até lá para saber como ele está. É um carinho mútuo e o seu Zé pretende permanecer ali, fazendo parte de muitas outras histórias.
Para saber outras histórias do seu Zé, acompanhe a próxima edição da revista Nuntiare.
Ficha técnica:
Reportagem e fotografia: Deborah Kuki
Edição e Publicação: Levi de Brito
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Souza