História pontagrossense em cliques
Compartilhamento de fotos antigas em redes sociais mobiliza discussões sobre o passado e presente do município
Novas tecnologias, maior facilidade de manuseio e barateamento dos instrumentos fotográficos fizeram com que coleções de fotografia se tornassem um hábito comum de famílias brasileiras. Quem nunca ouviu histórias do passado com a nostalgia do presente a partir de um registro fotográfico? Com o passar do tempo, este costume foi reformulado – as fotos no papel foram substituídas pelo formato digital, e o encontro ao redor do álbum de fotos se reinventou na internet. No grupo Antigamente em Ponta Grossa, por exemplo, são compartilhadas fotografias antigas da cidade, o que gera discussões sobre o passado e o presente de PG.
“Esses grupos me fazem relembrar os bons tempos que vivi em Ponta Grossa”, comenta Maria Cristina de Almeida, uma das integrantes do grupo. Há anos, ela se mudou para Curitiba e não carregou consigo nenhum registro fotográfico da cidade princesina – segundo ela, as lembranças ficaram guardadas na memória. Isto mudou quando, em 2015, recebeu o convite para participar do grupo e as lembranças puderam tomar forma. “Gosto de participar das discussões. É importante preservar e conservar fotografias e documentos de Ponta Grossa para valorizar o passado da cidade e entender o presente”, conta Maria.
O registro fotográfico surge como uma atividade social na segunda metade do século XIX, como afirma a professora de História e pesquisadora da história local de Ponta Grossa, Elizabeth Johansen. “Nesta época, a fotografia era um artigo de elite, devido ao seu alto custo. Pouquíssimas pessoas tinham o poder aquisitivo para realizar fotografias. Com o desenvolvimento tecnológico no século XX, ocorreu um barateamento tanto da fotografia quanto dos equipamentos”, explica. Com isso, a atividade começa a se profissionalizar – em Ponta Grossa, nomes como Luiz Bianchi e Frederico Lange lançam suas carreiras – e passa a ser mais acessível à população interessada no registro de momentos e eventos.
Elizabeth avalia que a discussão é um registro social e histórico. “É inquestionável que essas produções compartilhadas em grupos de Facebook são registros sociais, mas elas também têm um impacto histórico grande, podendo deixar de fazer parte do campo memorialístico e se transformar em um campo acadêmico ou científico”, analisa a professora. A seguir, a historiadora explica de que forma as fotografias podem se tornar objetos de estudo.
Relembrar costumes, hábitos e eventos da história de um local gera nostalgia na população quando boas lembranças e memórias de momentos vividos em família e com amigos vêm à tona. Durante as conversas na rede social, encontram-se antepassados, vivências em comum e respostas a questionamentos – quem está nessa foto? Onde é este lugar? O que tem lá hoje em dia? A história de Ponta Grossa continua viva.
Ficha técnica
Reportagem: Maria Luiza Pontaldi
Imagem: Maria Luiza Pontaldi
Edição e Publicação: Cassiana Luiza Morilha Tozati
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E. P. Amaral