Hormônios à flor da pele

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Remédios contraceptivos femininos não se limitam à prevenção da gravidez e auxiliam no tratamento de doenças

Os mais de 60 anos de produção e consumo de contraceptivos hormonais femininos seguem produzindo novas pesquisas sobre a saúde e sexualidade da mulher. De acordo com a ginecologista Leila Wessler, existem diferentes formas de anticoncepção hormonal disponíveis no Brasil. Os mais comuns são os medicamentos via oral, também conhecidos como oral hormonal combinada (COC) e a opção com progestagênios, outro hormônio feminino. Além disso, há uma série de outros produtos como os injetáveis mensais, trimestrais, adesivos combinados e os internos como o anel vaginal e o implante subcutâneo, que necessitam de intervenção médica para colocá-los, e aqueles não-hormonais como os DIU, que são de cobre ou prata.

É importante alertar que nem toda mulher podem fazer uso de todos ou de qualquer medicamento, é necessário acompanhamento médico, além da disciplina da posologia, como apresenta Leila Wessler. “O esquecimento de horários, desrespeito aos intervalos da cartela ou não tomar pílula adicional quando esquece o comprimido do dia diminuem a eficácia do método”, aponta. Leila defende o uso do método que combine com a rotina, saúde, condições financeiras e comprometimento. “Percebo um aumento significativo no uso de métodos contraceptivos de longa duração, como os DIUs e os implantes, pela não necessidade de lembrar de tomar todos os dias”, analisa Leila.

Para além de prevenir gravidez indesejável, os anticoncepcionais também auxiliam na saúde não apenas de mulheres, mas também de pessoas em tratamento de doenças como câncer e trombose, quando utilizados de forma responsável. “Existem muitas opções no mercado para diferentes propósitos. Algumas controlam sangramento, outras são para quem amamenta, ajudam na cólica, ou para quem teve trombose”. A trombose é um coágulo sanguíneo que geralmente apresenta seus primeiros sinais em inchaços e coágulos nas veias das pernas. O caso se torna mais grave quando o bloqueio do fluxo de sangue resulta em uma embolia.

Não é necessário receita para compra de anticoncepcionais, mas é recomendado. Foto: Lilian Magalhães

A estudante, Kamila Kasperovicius, de 21 anos de idade, afirma que o acompanhamento de uma ginecologista foi indispensável para o tratamento de um cisto hemorrágico no ovário aos 14 anos e foi recomendado o medicamento mais adequado. “Eu sentia muita cólica, quase desmaiava de dor e meu período menstrual era intenso. A ginecologista fez a anamnese, achou que fosse apendicite, mas foi só no ultrassom que descobrimos o cisto”, conta. O tratamento médico com anticoncepcional de hormônio foi iniciado com COC para interromper com intervalos o ciclo menstrual e o cisto diminuir de tamanho. “O tratamento durou três meses e, no exame seguinte, o cisto já não existia mais”, aponta Kamila.

Para a estudante Luiza Santana, de 20 anos, a troca de contraceptivos hormonais foi necessária para aliviar os sintomas de cólica menstrual. Ela começou com um medicamento, mas o organismo não se adaptou e suspendeu o consumo devido aos riscos que corria. “Quando fui ao ginecologista, me informaram que eu possivelmente teria que tratar endometriose”, conta. Com a troca do medicamento, ela não menstrua mais e não apresenta os sintomas de cólica, mas ela fez a mudança com acompanhamento médico. “Fiz o preventivo no mês passado e não foi visto mais nada relacionado ao distúrbio.”

O método injetável foi utilizado por outra fonte cuja identidade será preservada por sua idade menor de 18 anos. O uso dos hormônios preveniu a menstruação precoce da adolescente. “Era para ter descido a menstruação muito antes do tempo, e ia afetar todo o meu desenvolvimento. Na época, fiz acompanhamento com ginecologista, e hoje está tudo regulado”, relata. A ginecologista Cristiane Schneckenberg explica mais sobre a importância da análise de cada caso para dar início ao uso de anticoncepcionais de hormônio no áudio a seguir:

Ficha técnica

Reportagem: Lilian Magalhães
Foto/vídeo: Lilian Magalhães
Edição e publicação: Tamires Limurci
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E.P. Amaral


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