Sempre Alerta, um lema para toda vida

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Em uma mistura de aventura e disciplina, o movimento escoteiro se mantém há 116 anos no Brasil, e há 31 anos em Ponta Grossa

O escotismo é um movimento educacional, fundado em 1907 por Robert Baden-Powell na Inglaterra. O movimento surgiu com o objetivo de inserir os valores de camaradagem, coragem e disciplina a fim de capacitar os jovens a estarem “sempre alerta” para todas as situações. Em Ponta Grossa, tem-se visto o crescimento dos grupos da cidade com base na procura dos pais por diversos motivos, dentre eles, o afastamento das crianças das telas.

O movimento escoteiro incentiva cada integrante a conquistar individualmente seus objetivos. O método visa inserir o desenvolvimento físico, espiritual, social, intelectual e afetivo, por meio das especialidades conquistadas individualmente. As especialidades são conquistas pessoais relacionadas com ciência e tecnologia, cultura, desportos, serviços e habilidades escoteiras em forma de distintivo. 

Em Ponta Grossa, o escotismo chegou em 1992 com o Grupo Princesa dos Campos, abrindo espaço para novos grupos agregarem o movimento no município. Os grupos Campos Gerais e Lagoa Dourada foram criados em 1998 e 2012 respectivamente. 

Os responsáveis pelo comando dos grupos são os chefes e dirigentes, que se prontificam através do trabalho voluntário no preparo das atividades, de forma prática e burocrática. A dirigente Bruna Viola é responsável pelo grupo Campos Gerais, um dos três grupos do município de Ponta Grossa, atualmente composto por 40 jovens e 25 responsáveis. Bruna diz que, antes de se tornar dirigente, foi mãe de dois escotistas, e revelou que a grande maioria dos pais, atualmente, busca inscrever os filhos nos grupos por dois motivos: porque gostariam de ter participado na infância ou porque gostariam de tentar reduzir o tempo que os filhos ficam nas telas. 

Chefes e dirigentes dos grupos Campos Gerais e Lagoa Dourada

Bruna Viola explica como as atividades dentro do movimento buscam afastar os jovens das telas: “Claro que com o desenvolvimento da tecnologia muitas coisas migraram para os aplicativos, entretanto, toda a progressão dos lobinhos é mantida no papel, também como uma forma de torná-los responsáveis, solidários, autônomos e comprometidos”, analisa. Assim, ao deixarem as telas de lado e ainda conseguirem se manter entretidas e ocupadas, as crianças têm estimuladas a criatividade, a atenção e a coordenação motora enquanto se dedicam às atividades realizadas em conjunto, desenvolvendo o senso comunitário.

As reuniões do Grupo Campos Gerais acontecem aos sábados no Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, nas proximidades do Observatório Astronômico, com início às 14h30 até 17h30, para jovens entre 6 e 21 anos. Os integrantes de cada grupo são divididos de acordo com a idade, sendo os lobinhos crianças entre 6 anos e meio até 10 anos; os escoteiros, adolescentes entre 11 a 14 anos; os seniores, dos 15 aos 17; e os pioneiros entre 18 e 21 anos.

Os responsáveis seguem um calendário de atividades, totalmente ligadas à natureza, como acampamentos, trilhas e outras sempre praticadas ao ar livre. O cronograma das atividades é sempre proposto no início do ano em reunião com os demais grupos do país, sempre com um objetivo em comum: deixar o mundo melhor do que o encontrou.  

Atividade musical entre todos os integrantes dos grupos

O movimento escoteiro acredita no método de ensino ‘aprender fazendo’, e com isso cada integrante do grupo pode buscar seus próprios objetivos através das especialidades e progressões em diferentes áreas do conhecimento, recebendo um distintivo para costurar na camiseta ao concluir as atividades. Uma das especialidades escoteiras é a inclusão, bandeira levantada por Silvana no grupo Campos Gerais. Silvana é chefe há 40 anos e movimenta o grupo motivada pelo seu filho e demais integrantes no espectro autista. “Cada chefe passa por cursos de proteção infanto juvenil e cyberbullying, sempre visando contribuir para educação das crianças e adolescentes”, conta.

A grande matilha dos lobinhos tem como base para as atividades o ‘Livro do Jângal’, que conta a história de Mogli, o menino criado e educado por lobos na floresta, com seus amigos Baloo, Baguera e Kaa. A analogia é representada no escotismo pelos chefes das alcateias, que compartilham os conhecimentos do livro a fim de desenvolver as habilidades de comunicação, socialização, proteção e autocuidado por meio de atividades vivenciais em grupo.

Dentre as atividades realizadas nos encontros, tem-se por exemplo o aprendizado e prática de nós, em que os passos são demonstrados pelo chefe e em seguida executadas pelos participantes em conjunto, ou seja, além da habilidade de socialização, eles utilizam a habilidade de comunicação. Ao realizar uma atividade em contato com a natureza, como um caça ao tesouro em uma floresta, as habilidades de socialização, de comunicação e de autocuidado ficam evidentes, visto que eles fazem a busca pelas pistas em conjunto e são estimuladas à comunicação e à proteção de todo o grupo, além do cuidado de si.

FICHA TÉCNICA

Reportagem: Marcella Panzarini

Edição: Luiza Carolina dos Santos e Cândida de Oliveira

Fotos: Marcella Panzarini

Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos

Supervisão de edição: Muriel E.P. Amaral e Cândida de Oliveira


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