Tarô: uma nem tão nova forma de exercer a espiritualidade
A cultura que abrange a cartomância remonta de um passado antigo e tem sido transmitido oralmente para as gerações atuais, que seguem seus preceitos e lógicas
É sábado, dia 23 de outubro, 14 horas da tarde. Eu chego na Casa Florescer, um lugar aconchegante, fofo e com certa áurea mística. O local é uma casa de Yoga, Terapias, Massagem, Reike e por último, mas não menos importante, tarô.
O tarô é uma prática que vem se tornando cada vez mais popular. Ele ganha destaque em livrarias, com diversos livros sobre a temática, A prática espiritual também domina a internet possuindo sites de tiragem online, como o ‘Personare’, podcasts como ‘Alouca Tarot’ e também as redes sociais, como a página ‘A Magistra Tarô’, no Instagram e Twitter.
O tarô que tanto vem encanto a geração X possuí no total 78 cartas, dividas entre arcanos maiores (22) e menores (56). A leitura de tarô diz muito sobre a energia da situação vivida pela pessoa que busca a leitura. Seus conselhos e direcionamentos são mais abrangentes em relação as coisas que as pessoas estão sentindo.
Assim que entro na Casa Florescer me encontro com a cartomante Camile Alessandra Tussante, que também é acadêmica de Psicologia. Ela faz tiragens de cartas de tarô profissionalmente há 1 ano, mas já tem contato com elas há 3 anos. “Eu brincava com as cartas, então eu trouxe para o profissional quando comecei a sentir confiança”. Afirma a taróloga.
Camile encontrou seu dom e paixão na leitura do tarô graças a influência de sua mãe, que também lia cartas. “Eu já tinha ali o exemplo dentro de casa, eu já tinha uma base de como se faziam as leituras, e com o passar do tempo eu fui me aproximando da espiritualidade. Essa busca pela espiritualidade fez com que eu conhecesse a cartomancia mais a fundo.”
A cartomante ganhou seu primeiro baralho de presente de um amigo, e começou a treinar. Antes fazia a leitura apenas para amigas e ia trocando conhecimento com aqueles que já sabiam ler as cartas há mais tempo. Agora fazendo essas leituras profissionalmente.
Camile faz dois tipos de tiragens de taro. Sendo elas a de perguntas objetivas, de sim ou não, e de perguntas avulsas, como questões sobre a vida amorosa, financeira, etc. As cartas trazem um panorama sobre o que está acontecendo no âmbito da vida escolhido, então Camile faz a interpretação das cartas, explicando o significado delas para o seu cliente.
Camile explica como seleciona qual baralho usar em cada leitura, “Eu vou escolhendo qual baralho se encaixa melhor em cada questão. Se eu quero me aprofundar em relação aquela pessoa é o tarô, se eu quero trazer um direcionamento é o baralho cigano, se eu quero algo muito mais exato é o baralho de Maria Padilha”.
Camile tenta me explicar como o tarô funciona baseada no livro “Jung e o Taro”, que explica a arte da leitura do taro de acordo com a Psicologia de Carl Jung As cartas conversam com o nosso inconsciente, e por isso as cartomantes conseguem trazer a mensagem. Jung falava muito sobre o inconsciente e a conversa do consciente com o inconsciente.
“Cada carta tem uma vibração, e a vibração do que você está passando vai ressoar na carta. Então a carta traz aquela mensagem que conversa com o seu inconsciente e você consegue trazer a mensagem.”
Camile acredita que o tarô vem se tornando cada vez mais popular, e assim como eu, cada vez mais pessoas estão procurando fazer a leitura. “Acredito que hoje em dia o taro está tendo mais visibilidade enquanto uma profissão que dá direcionamento para as pessoas. Antigamente, as pessoas enxergavam o taro como algo ruim. Existia toda uma visão de que a pessoa que lia taro faria amarrações, jogariam feitiços ou algo negativo.”
A cartomante acredita que atualmente está se quebrando muitos dos preconceitos com relação a diversos tipos de religiões e formas de exercer a espiritualidade. “As cartomantes estão mostrando que não estão aqui para tirar dinheiro e manipular brincando de adivinhação, estão aqui para trazer direcionamentos e auxiliar as pessoas”. Camile diz ter uma vida financeira muito boa com o baralho, e ser feliz com a profissão que ela escolheu, ou foi escolhida por ela.
Ficha Técnica
Reportagem: Yasmin Orlowski
Edição e Publicação: André Ribeiro
Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa