RIF lança chamada para dossiê “Folkcomunicação, saúde e saberes populares”

A Revista Internacional de Folkcomunicação (RIF) abre chamada  para submissão de artigos relacionados à “Folkcomunicação, saúde e saberes populares”. A organização do dossiê será realizada pelos professores Dr. Pedro Paulo Procópio (UFPE, Senac-PE, Faculdade Pernambucana de Saúde-FPS) e Dra. Juliana Guerra (Faculdade Pernambucana de Saúde-FPS) e a edição será publicada no primeiro semestre de 2024.

Este dossiê busca compreender as narrativas de comunicação na legitimação das ações de prevenção à saúde, sobretudo da população em situação de vulnerabilidade, a fim de discutir o campo de disputas em que se insere o saber popular à luz da biomedicina. Na perspectiva decolonial, a folkcomunicação na área da saúde suscita reflexões importantes sobre poder, conhecimento e resistência.

A folkcomunicação é valorizada como uma forma de transmissão de saberes populares e tradicionais, que muitas vezes não são legitimados. Por isso, é fundamental refletir acerca de quem detém o poder de definir quais conhecimentos são considerados legítimos e quais são desvalorizados como “saberes populares”. A colonialidade do saber opera ao privilegiar epistemologias eurocêntricas em detrimento dos conhecimentos e práticas das comunidades locais.

Nesse sentido, a folkcomunicação na saúde pode ser vista como uma arena na qual ocorre uma luta pela legitimação dos saberes e práticas tradicionais das comunidades marginalizadas. A ênfase na medicalização e na biomedicina desconsidera as formas de cuidado e prevenção de doenças desenvolvidas dentro de comunidades periféricas e rurais, contribuindo para a subjugação de seus conhecimentos e para a perpetuação das desigualdades estruturais. A folkcomunicação desempenha um papel crucial, pois envolve conhecimentos sobre práticas de cuidado, remédios caseiros e prevenção de doenças, muitas vezes passados de forma intergeracional.

Essa troca de informações contribui para a promoção da saúde dentro das comunidades, fortalecendo os laços sociais e o senso de identidade cultural. Portanto, uma abordagem decolonial na saúde demanda uma valorização dos saberes locais, além da desconstrução das hierarquias de conhecimento impostas pela colonialidade. Isso envolve a promoção de diálogos interculturais e a valorização dos conhecimentos ancestrais como formas legítimas de cuidado e resistência contra as opressões sistêmicas. A desqualificação da folkcomunicação como política de cuidado causa esvaziamento do sentido social de suas práticas terapêuticas e do acesso às políticas públicas de saúde no Brasil, deslegitimando as subjetividades que emergem do saber popular.

Submissões

Os artigos podem ser submetidos até o dia 03 de maio pelo sistema on-line da revista, no endereço revistas.uepg.br/index.php/folkcom. Os textos, de 30 mil e 42 mil caracteres, devem conter resumo em português, inglês e espanhol entre 5 e 10 linhas, além de três a cinco palavras-chave que expressem os conceitos centrais do texto. A formatação dos trabalhos deve ser feita conforme template disponível nas diretrizes aos autores, no site da Revista. A RIF recebe também artigos sobre temas gerais, entrevistas, ensaios fotográficos e resenhas relacionados à folkcomunicação e à cultura popular em fluxo contínuo.

 

Referências

MIGNOLO, W. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: UFMG, 2003. pp. 09-130.

QUIJANO, A. Colonialidade do Poder e Classificação Social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (orgs). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009.

 

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