“A história oral traz a possibilidade dos museus produzirem ou preservarem conjuntos documentais já existentes”. Dessa forma o professor Robson Laverdi abriu na noite de ontem (20) as discussões acadêmicas da programação do Museu Campos Gerais (MCG), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na 15ª Primavera dos Museus. O docente do Departamento de História defendeu a necessidade de se operar “reinscrições de sentido” a partir de saberes e memórias populares junto a acervos e de exposições lançarem perguntas em processos compartilhados de curadoria. Laverdi sinalizou, ainda, a relevância de rodas de conversa para que, cada vez mais, os museus funcionem como “espaços de escuta”.
A sessão via Google Meet e transmissão no YouTube iniciou às 19h com o lançamento oficial da Rede Estadual de Museus Universitários do Paraná. A rede, criada pela Superintendência geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI-PR), tem como objetivo apoiar as ações das universidades estaduais. “Trabalhando em rede, é possível desenvolver uma política que não seja de privilégios, mas de equidade no tratamento desses espaços do Paraná”, diz o superintendente da SETI-PR, Aldo Bona, que participou da cerimônia online. O Paraná possui, ao todo, 14 museus e espaços universitários de memória, nas cidades de Ponta Grossa, Londrina, Apucarana, Campo Mourão, Guarapuava, Maringá, Jacarezinho e Curitiba.
O reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, explica que a Rede Estadual fortalece a política de manutenção dos espaços museais. “As instituições representadas refletem a ideia de um complexo de museus que estão trabalhando em prol da memória e da pesquisa das nossas regiões”. Já o assessor da SETI para Cultura e Museus, Renê Ramos, destaca a relação dos museus universitários com a produção de conhecimento do país. “A universidade brasileira é a grande protetora do conhecimento nesse país. A grande responsabilidade nossa é manter esse patrimônio para que pesquisadores continuem a produzir conhecimento. E mais importante do que produzir ciência é socializar a ciência. E quem mais faz isso hoje são os museus”.
Para Débora de Mello Gonçalves Sant´Ana, Pró-reitora de Extensão e Cultura da Universidade Estadual de Maringá (UEM), os museus são espaços inter e transdisciplinares. “Nesses espaços a interação é permanente, na produção e na popularização do conhecimento”, diz. O diretor de Cultura da Universidade Estadual de do Norte do Paraná (UENP), James Rios, entende que a criação da rede representa “um importante passo para a consolidação das políticas públicas para os museus e também para os espaços de memória”. Nesse sentido, Ana Paula Peters, coordenadora do curso de Museologia da Unespar, acrescenta: “essa rede também é importante para percebermos as demandas que temos em nosso Estado”.
Niltonci Chaves, diretor do Museu Campos Gerais, reiterou a relevância do trabalho de Renê Ramos à frente do processo de composição da rede. Ele destaca, ainda, a satisfação dos museus universitários em ter uma parceria já consolidada com o curso de Museologia da Unespar. “O curso necessita de espaços de formação e nós, dos museus, precisamos de quadros qualificados que são produzidos a partir do curso de Museologia”, relata.
Segundo dia
A programação do MCG na 15ª Primavera dos Museus continua nesta terça-feira (21). Às 19h, gestores de Museus da Associação dos Museus da Região dos Campos Gerais debatem o tema do evento ‘Museus: Perdas e Recomeços’’. Via Google Meet (para inscritos), com transmissão pelo canal do MCG no YouTube.
21/09/2021 – 19h às 22h – MESA REDONDA
Museus: Perdas e Recomeços. Com gestores de Museus da Associação dos Museus da Região dos Campos Gerais.
(texto: Cassiana Tozati/projeto Ações Culturais no Museu Campos Gerais)