Os sistemas tradicionais e agroecológicos da erva-mate, bem como a agricultura
familiar da região, passam a estar melhor representados e valorizados nas coleções do Museu Campos Gerais (MCG), da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Na segunda-feira (8), a direção do MCG recebeu a doação por familiares de acervo de Uriel Nogueira dos Santos, que foi funcionário de carreira dos antigos Instituto Nacional do Mate (1962-1967) e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – órgão que na década de 1980 se tornaria o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente).
Uriel também foi coordenador da extinta Associação dos Produtores e Industriais de Mate do Paraná (Apimate), uma experiência cooperativa que reuniu pequenos produtores e processadores de erva-mate paranaenses na virada dos 1970 para os 1980 – relembra o egresso do Programa de Pós-Graduação em História da UEPG, João Francisco Nogueira, presente à solenidade de doação.
Também compareceram ao museu para a entrega do acervo a neta de Uriel e engenheira florestal Ariane Nogueira Guerra, seu esposo Ederson Zanlorenzi, a bisneta Maria Eduarda Guerra e Maria Lúcia Miró Medeiros, funcionária aposentada da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A comitiva foi recebida pelo diretor do MCG, Niltonci Chaves, acompanhado do diretor de acervo Rafael Schoenherr e do coordenador do Núcleo de Digitalização, João Paulo Leandro de Almeida. Chaves destacou a importância das peças e documentos doados para exposições, pesquisas e digitalização.
A cessão faz parte de uma parceria entre PPGH/UEPG, Centro de Desenvolvimento e Educação dos Sistemas Tradicionais de Erva-mate (CEDErva), Emprapa, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Ministério Público do Trabalho/PR, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Paraná (Fetraf), entre outras instituições que compõem o Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos da Erva-mate, com o objetivo de fomentar, valorizar e proteger tais sistemas, assim como os membros da agricultura familiar vinculados.
Acervo, comunidade e pesquisa
“Ao longo dos anos, Uriel Nogueira colecionou documentos, fotografias, atas e uma enorme quantidade de objetos ligados à cultura da erva-mate e às práticas de extensão rural ligadas ao manejo dos ervais paranaenses”, detalha João Nogueira, membro do CEDErva. O acervo foi guardado por sua neta Ariane Nogueira Guerra desde o falecimento do avô, em outubro de 2000.
“Acreditamos que a coprodução de conhecimento entre pesquisadores, sociedade civil, movimentos sociais e ambientais é uma ferramenta privilegiada para promover a inserção social da universidade pública, e é com esta orientação que várias pesquisas estão sendo desenvolvidas”, explica a professora Alessandra Carvalho, docente do PPGH da UEPG. “O material que agora passa a integrar o acervo do MCG certamente será de grande contribuição na produção social da memória e no compartilhamento das experiências individuais e coletivas vividas à sombra da floresta com araucária”, avalia.
Quem foi
Texto de justificativa de projeto de lei que denomina nome de rua na capital, de autoria do
vereador Jorge Bernardi / Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba.
“Uriel Nogueira dos Santos é filho do casal Ary Nogueira dos Santos e Emma Carvalho dos Santos, nasceu em Curitiba a 22 de abril de 1932. Casou com Olímpia da Silva dos Santos, no dia 19-12-57, onde tiveram três filhos, Noemi Isabel, Ary e Nanci Cristina.
Formado na Escola Técnica da Universidade do Paraná, em técnico em contabilidade. Licenciado para exercer a profissão de classificador de produtos de origem vegetal, especializado em Erva mate pelo serviço de Economia Rural do Ministério da Agricultura, em 1960. Uriel teve o maior acervo da história da erva mate e foi o único classificador da erva mate no Brasil. Foi aluno no curso universitário de ciências econômicas (1959-1961) não concluído. Recebeu o título de professor de acordo com a Portaria Ministerial n. 230 de 12-07-71, em erva mate.
Durante 30 anos que permaneceu no INM e IBDF (IBAMA), sempre trabalhou no setor de erva mate, percorreu o interior ervateiro do Paraná, em serviço de fiscalização e classificação, mas também ensinando e orientando. Realizou o curso de treinamento dos agentes de forma administrativa. Percorreu, também, os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, recebendo convite para colaborar com a Secretaria do parque Histórico do Mate no setor de erva mate, onde colaborou sem vencimentos.
Dessa forma, é o momento desta Câmara Municipal reconhecer os bons serviços prestados pelo Sr. Uriel Nogueira dos Santos, ao Paraná, estudando e colaborando para uma das economias do Paraná, a erva mate.
Denominar um logradouro público como Uriel Nogueira dos Santos é demonstrar o reconhecimento público por sua dedicação e contribuição ao setor, motivo, este, que reitero e peço o apoio dos pares desta Casa de Leis para aprovação do projeto em tela.
Curitiba, 23 de março de 2001”.
Disponível em:
Portuguese
Dutch
English
French
German
Italian
Spanish