O Museu Campos Gerais traz a Ponta Grossa nesta sexta-feira (6) os cineastas Beto Carminatti e Karla Nascimento. O evento gratuito no Auditório Brasil Pinheiro Machado, marca estreia do Cineclube Espoletta na cidade, iniciativa com mais de dez anos de trajetória no Museu Guido Viaro, de Curitiba.
Os diretores exibem a partir das 19h os documentários “Senhora das Imagens” e “O lugar antes de mim – episódio 2”. Após a sessão, ocorre bate-papo com o público sobre bastidores da produção em documentário, o mercado do cinema nacional e o formato cineclube. Os vídeos apresentam facetas do patrimônio cultural e natural do Paraná, com destaque para pinturas rupestres de Ponta Grossa e região e imagens religiosas do litoral do estado.
De acordo com o organizador do cineclube, Beto Carminatti, a experiência é essencial para a manutenção do público que ama cinema e também para a formação da crítica e de grandes cineastas, sobretudo em um tempo de pouco contato humano com o crescimento das plataformas de streaming. “A proposta de expandir o Cineclube Espoletta é justamente a de construir um saber coletivo, através da arte-educação. Entretanto, o cineclube não é voltado apenas para estudantes, mas para toda a comunidade”, informa.
A exibição tem apoio do Museu de Ciências Naturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Programação:
“O Lugar Antes de Mim – Episódio 2”
O filme apresenta “A Arte Rupestre nos Campos Gerais”, o 2º episódio da série “O Lugar Antes de Mim”, da cineasta Karla Nascimento. O documentário foi produzido nos sítios arqueológicos das cidades de Tibagi, Ventania, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Ponta Grossa e apresenta o surpreendente patrimônio pré-histórico da Escarpa Devoniana.
Através do documentário é possível observar pinturas com aspectos cênicos, oficinas líticas e gravuras feitas em rochas pelos povos que habitaram a Região dos Campos Gerais há milhares de anos, algumas há mais de 8 mil anos. Deram entrevistas ao documentário, especialistas em arqueologia, espeleologia, geologia, educação patrimonial e turismo.
O filme ganhou o Prêmio do Público, no Festival Francês Rencontres D’Archéologie de La Narbonnaise e foi selecionado para o 20º. Festival Internacional de Cine Arqueológico Del Bidasoa, no País Basco (Espanha) e para o Firenze Archeofilm – Festival Internazionale Del Cinema Di Archeologia Arte Ambiente, na Itália e para o Cine Tornado e o Festcine, ambos no Brasil.
O documentário tem apoio do PROFICE – Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura, através da Copel e dos Supermercados Tozetto.
“Senhora das Imagens”
A produção é da Celluloid Cinevídeo, tanto roteiro como direção é do Beto Carminatti, a produção executiva de Cristiane Lemos e a direção de produção de Anídria Stadler e Fran Camilo. O filme mostra as expedições da empresária e restauradora, Ângela Maria Palanicheski, às ilhas mais distantes do litoral paranaense para restaurar imagens sagradas e representativas da fé, uma missão que ela deu a si mesma e envolve pesquisa sobre história e devoção dos ribeirinhos.
Ângela Maria Palanicheski é empresária da área da Educação, em Paranaguá. Há 40 anos têm se dedicado também aos estudos da arte sacra, principalmente à restauração de imagens. Começou recuperando peças danificadas no Santuário do Rocio, depois levou o trabalho às comunidades ribeirinhas. Nas pesquisas, descobriu 60 igrejinhas espalhadas pelas ilhas, maioria dedicada aos santos da Igreja Católica, algumas guardam imagens centenárias, trazidas pelos padres europeus na época da colonização.
As viagens de barco, canoa, ônibus, são difíceis, duram horas debaixo de chuva, sol, tem caminhadas longas até as casas dos pescadores, que entregam à dona Ângela Maria, imagens quebradas, desbotadas e sem os traços originais. Na restauração criteriosa e delicada, ela usa gesso, tinta e pincéis próprios, os moradores não pagam nada pelo material e nem pelo trabalho.
Até concluir a jornada, que pode durar dias, dona Ângela Maria fica hospedada na casa das famílias e tem contato com a vida simples, de muita fé e religiosidade dos pescadores.
O diretor Beto Carminatti estava em uma ilha próxima da comunidade de Barra do Ararapira, quase na divisa com São Paulo, gravando outro filme, quando viu dona Ângela Maria restaurando uma imagem de São Pedro, na varanda da casinha de um pescador. Mesmo sem conhecer nada sobre o trabalho dela, o diretor teve a intuição para produzir o documentário, do primeiro encontro até o início da produção foram cinco anos. Para ele o filme possibilita criar uma linguagem que vai além da transfiguração estética das imagens, apresenta a necessidade do restauro espiritual, afetivo e emocional dos fiéis.
Dona Ângela Maria recupera peças representativas de todas as configurações religiosas, não apenas do universo católico, para ela não existe barreira para a fé, o fundamental é o respeito à devoção de cada um. Entre as imagens que chegam para serem restauradas estão as de Iemanjá e de Buda, por exemplo.
Durante a pandemia, Beto Carminatti concluiu o filme e fez o lançamento virtualmente, mas agora “Senhora das Imagens” já está sendo exibido presencialmente, emocionando o público com uma mensagem de doação ao próximo e respeito à fé do povo brasileiro. O documentário tem apoio cultural do PROFICE – Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura, através da Copel.
Quem é Beto Carminatti
Beto Carminatti é diretor de cinema, TV, roteirista e produtor premiado no País e no exterior. Ganhou cinco Kikitos de Cinema de Gramado, fez dezessete filmes, longas e curtas-metragens. Para a televisão, dirigiu noventa programas diários e seriados, entre eles, “A Lenda das Encantadas”, “Contestado” e “Amor em Tempos de Guerra”, para RPC/Rede Globo. Beto é criador da produtora Celluloid Cinevídeo e do Cine Clube Espoletta, em parceria com o Museu Guido Viaro, em Curitiba. Trabalhou em diversas produções, como o seriado “O Lugar Antes de Mim”, de 2018, “Cormorant”, de 2014, “Um Olhar para a Escuridão”, de 2014, “Quem quer ser um Documentário”, também de 2014. Dirigiu ainda uma das peças mais vistas no cenário cultural brasileiro, “Café com Bobagem”. Em 2019 lançou o gibi erótico “O Monge Nudista”, uma história em quadrinhos envolvida em mistério, erotismo, beleza e sensualidade.
Serviço
Data: 06/05 (6ª.feira)
19h – “O Lugar Antes de Mim” – episódio 2 – A Arte Rupestre nos Campos Gerais
20h – “Senhora das Imagens”
Local: Museu Campos Gerais – Auditório Brasil Pinheiro Machado
Rua: Engenheiro Schamber, 686 – Ponta Grossa
Aberto ao público
Gratuito – Classificação livre
Informações: museucamposgerais@uepg.br