Conheça a atuação de Merylin Ricieli, ativista da cultura negra
Merylin Ricieli dos Santos nasceu em agosto de 1989 na Vila Princesa, no bairro de Uvaranas. Seu primeiro contato com produções culturais ocorreu, ainda criança, no carnaval, quando desfilava por escolas de samba. A futura professora de História também se interessou pela escrita desde muito jovem, quando viu a necessidade de encontrar um meio para se expressar, ali conseguiu um refúgio da sua realidade, se identificando com rimas e montando cadernos com anotações.
Após participar de um projeto que dava aulas de reforço para meninas carentes, a escrita foi muito trabalhada e Merylin conseguiu aprimorar mais ainda essa habilidade e se identificou com a poesia. De origem negra e humilde, Ricieli teve de enfrentar obstáculos no espaço cultural, um deles a questão da existência como mulher negra, que era algo pouco comentado, mas atualmente se encontra em processo de mudança, com órgãos governamentais debatendo causas raciais e de gênero, tentando ampliar lutas.
Merylin destaca a importância da cultura negra, por meio de grupos que fazem música e trazem o samba e o pagode, mais a escrita, a arte e debates. Para ela, essas manifestações irão construir um movimento cultural negro, que dê grande visibilidade a artistas negros.
Entre suas produções está o documentário “Clube de Preto”, exibido em maio de 2022 no Museu Campos Gerais (MCG). O vídeo recorda a trajetória da população negra em Ponta Grossa e Tibagi e deu origem ao livro “Sociabilidades Negras nos Campos Gerais: histórias, trajetórias e memórias”, em que atuou como organizadora. Santos produziu um livro sobre escritas negras centradas, versos em negrito e poesia linha preta, com o selo independente Olaria Cartoneira.
Outras importantes produções de Santos são a participação no projeto Clube Treze de Maio, que luta pela sociabilidade, cultura e resistência negra na cidade; e a tese de doutorado “Territórios Negros em Ponta Grossa”, defendida em agosto de 2022, acompanhada de artigos que exploram as relações étnicos e raciais, territórios negros e comunidade remanescente quilombola da Colônia Sutil.
Para Marylin, sua grande contribuição cultural é a escrita negra centrada, que empodera, afirma, contesta e reivindica a identificação negra. No TCC que produziu, trouxe um curso de belezas negras, enaltecendo essas mulheres e as empoderando.
As experiências culturais e acadêmicas se aplicam na profissão de professora, que reivindica lugares para meninas negras, contra a discriminação de seus cabelos e do tom de pele. O objetivo é mostrar a elas que há outra caminhos para vencer o preconceito, explica Merylin.
A professora fez Licenciatura em História na UEPG, possui mestrado de Linguagem, Identidade e Subjetividade pela UEPG e doutorado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Ricieli também possui formação em Pedagogia pela Uninter. Atua como professora do ensino fundamental na rede pública municipal.
Por: Daphinne Pimenta e Vitória Ferreira (projeto Ações Culturais no MCG)
Fotos: Rafael Schoenherr/ Arquivo MCG