Crimes reais, afetos reais

Crimes reais, afetos reais

Compartilhe

A estética true crimes cria legiões de admiradores e fascínios, principalmente entre mulheres

Se há alguns anos a máxima de que a arte imita a vida, ou vice-versa, fazia sentido, agora a frase perde forças. Basta uma procura despretensiosa em qualquer plataforma de streaming para perceber que casos reais de crimes serviram de contexto para roteiros e adaptações a séries, podcasts, documentários e filmes. E a avalanche de produtos culturais dessa estética não se limita apenas às ofertas em plataformas digitais, livros e outras publicações. Várias produções embarcaram na onda de tematizar os crimes que ocorreram e revelam inúmeros admiradores e fanáticos pelo tema. 

Uma das mais recentes produções que levou uma legião de pessoas a grudar os olhos nas telas foi a série Dahmer – Um Canibal Americano, da Netflix, dirigida por Ryan Murphy.  Com 10 episódios, a série lançada em setembro, teve mais de 700 milhões de horas assistidas em apenas três semanas após a estreia, segundo dados da própria plataforma.

A história conta a vasta lista de crimes cometidos por Jeffrey Dahmer, uma figura sinistra que durante a sua passagem na Terra foi responsável pela morte de 17 homens. Os crimes possuíam requintes de crueldade e ocorreram entre os anos de 1978 e 1991, nos Estados Unidos. Como se não bastasse a brutalidade dos seus atos, Dahmer ainda praticava canibalismo e necrofilia com as vítimas. A série fez tanto sucesso que foi renovada por mais duas temporadas pela Netflix, que também pretende trazer à tela histórias de outros criminosos. 

No Brasil, as produções da estética true crime também foram roteirizadas nas plataformas digitais, inclusive o mesmo acontecimento foi percebido por diferentes olhares. Estamos falando dos filmes “A menina que matou os pais” e “O menino que matou meus pais”, exibidos pela plataforma Prime Vídeo. As duas produções abordam a morte dos pais de Suzane Von Richtofen, Manfred e Marisa Von Richtofen, em 2002, com a participação do então namorado de Suzane, Daniel Cravinhos e o irmão dele, Cristian Cravinhos. O primeiro título apresenta a versão de Suzane e o outro mostra a percepção de Daniel. A jovem de 19 anos e de classe média planejou a morte dos pais para ter posse da herança da família e viver com o namorado, já que o relacionamento não era aprovado pelos pais. Pelas lentes do diretor Maurício Eça, o caso pode ser acompanhado tanto pelo olhar de Suzane quanto pela perspectiva dos irmãos Cravinhos.

Outro exemplo de produção brasileira que movimentou a audiência foi o podcast Caso Evandro, dirigido e produzido por Ivan Mizanzuk, que depois deu origem ao documentário de mesmo nome veiculado pela plataforma Globoplay. As produções abordam o desaparecimento e morte misteriosa do menino Evandro Ramos Caetano, de seis anos de idade, em Guaratuba, no litoral do Paraná. A morte dele estava associada a rituais de magia negra e o envolvimento equivocado da Celina e Beatriz Abagge, primeira-dama de Guaratuba e sua filha, respectivamente. O caso foi conhecido como “As bruxas de Guaratuba”.

Cultura de fãs

Atualmente, o true crime ganha cada vez mais admiradores e fãs. Além de simples consumidores de conteúdos por puro entretenimento, os fãs apaixonam-se por algo que sobre eles exerce fascínio. Assim, passam a acompanhar e consumir tudo aquilo que os cativam.

Malu Bueno se considera uma grande fã do gênero true crime. Ela começou a consumir esse tipo de conteúdo entre 2018 e 2019, aumentando significativamente na pandemia. Entre todas as plataformas de conteúdo, o seu favorito são os podcasts sobre a temática, sendo o seu favorito o “Café com Crime” produzido pela jornalista Stefanie Zorub. Ao ser questionada sobre o tempo que consome true crime, Malu fala que varia muito, pois o conteúdo pesado nem sempre a agrada. “Tem semanas que eu escuto um caso por dia, tem semanas que eu não escuto nada, depende do meu humor”.  

Acompanhe na próxima edição da revista Nuntiare outros exemplos de produção true crime e a palavra de profissionais para explicar como a estética teve grande audiência.

Ficha técnica:

Reportagem: Yasmin Orlowski

Arte: Levi de Brito e Yasmin Orlowski

Edição e publicação: Luiza Sampaio

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Souza

 


Compartilhe

 

Skip to content