Fim da linha para o trem fantasma

Fim da linha para o trem fantasma

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Operário desce à série C do Campeonato Brasileiro e torcida avalia rendimento do time 

A luz no fim do túnel era um trem que atropelou o Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC). Jogando a série B do Campeonato Brasileiro desde 2019, o time sentiu o sabor amargo do rebaixamento em 2022. A campanha foi conturbada e contou com três técnicos diferentes durante este período, prejudicando o fortalecimento das estratégias e entrosamento no time. O Fantasma começou o ano de 2022 com o técnico Ricardo Catalá, que foi demitido em março. No primeiro turno da série B, sob comando de Claudinei Oliveira, o time chegou próximo ao G4, zona de acesso à primeira divisão. Porém, foi demitido em julho. O segundo turno começou com o novo treinador Matheus Costa, que venceu apenas duas partidas. O OFEC entrou na zona de rebaixamento e saiu apenas quando foi rebaixado.

A torcida alvinegra sofreu com a queda e relembrou as histórias com o time. A Nuntiare traz algumas delas. Para quem é da torcida organizada Trem Fantasma, o rebaixamento foi intenso. Henzo Hagemeyer começou o amor pelo Operário em 2013,  quando sua irmã faleceu. “Eu estava muito abalado e na tentativa de me distrair, minha prima me levou à final da Taça do Interior, contra o Londrina. Desde então, eu criei uma paixão absurda pelo Operário, tenho duas tatuagens e o levo para a minha vida inteira. Sou apaixonado”. Henzo é integrante da Trem Fantasma e hoje acompanha os jogos com a mãe, Daniela Francisquini. “Ela já frequentou caravana da torcida, é minha companheira e, sempre que pode, ela vai comigo. Meu padrasto começou a ir em 2018, virou sócio e se apaixonou também”. O torcedor lamenta o rebaixamento, pois acredita que o desfecho poderia ter sido melhor. “É triste. Operário teve tudo para ter o melhor ano na série B. A sexta maior folha orçamentária e não foi pra frente. Fui em onze viagens esse ano e vi apenas duas vitórias do Operário fora de casa. Isso é um absurdo”. Neste ano, a folha salarial do Operário ficou em 1,4 milhão de reais. 

Henzo também comenta o altos valores de ingressos e produtos da loja do Fantasma. “Os preços absurdos que a diretoria da loja cobra nas coisas é revoltante. Ingressos muito caros, a entrada inteira chegava a custar de R$150 a R$180. Sem contar as peças caríssimas, até a capa de chuva do Operário por R$200. Agora é focar nas mudanças, começando por aí também. Focar em subir de novo. Estão chegando novas contratações que dão esperança. Operário conseguiu tirar alguns jogadores da B para jogar a C, isso é algo positivo”, desabafa o torcedor.

Como todo torcedor fanático tem um pouco de técnico, ele atribui o rebaixamento às escolhas feitas pela diretoria do time. “Muitas contratações sem lógica, de jogadores sem nome dentro do futebol e que estavam há aproximadamente um ano parados. A impressão é que estavam tirando dinheiro do Operário e nosso presidente, Alvaro Dias, só enxergou isso no final do campeonato, quando demitiu uma grande parte do elenco”, analisa.

Marcos Otávio também é torcedor do time. Ele, que nasceu em São Paulo, se apaixonou pelo time ponta-grossense quando veio morar na cidade. “Eu me mudei para Ponta Grossa em 2004 e minha história com o Operário começou em 2006. Fui apresentado ao OFEC por meio de um amigo, que é fanático pelo clube, daqueles que ficam no alambrado, que sobe, grita e xinga. Ele compartilhou a paixão dele comigo”. A saga de acompanhar o time começou pela rádio, quando o clube ainda disputava a série B do Campeonato Paranaense. “Conheci o estádio junto com a minha filha, depois de anos acompanhando apenas com radinho. Percebi que o Operário movia a paixão pelo futebol na cidade. Quando vi a energia da torcida no estádio, arquibancada cheia, com mulheres, crianças, virou a minha paixão”. Desde então, Marcos nunca perdeu um jogo do clube da Vila Oficinas, sede do time. “Infelizmente 2022 foi um ano em que nada deu certo. Todo investimento feito pela diretoria não trouxe resultado positivo. Só neste ano, tivemos três treinadores e isso mostra que algo estava dando errado, e isso acabou culminando com o Operário caindo”. Ele afirma que a queda para a série C afeta a toda comunidade apaixonada pelo futebol da cidade, ainda mais os operarianos. “Fiquei muito triste, muito decepcionado, porque isso afeta diretamente nós torcedores, mas ano que vem com certeza estarei nos jogos. Uma coisa que é bonita no Operário é poder ver a paixão das pessoas pelo time e isso que me move”.

Para buscar uma boa campanha em 2023, Marcos acredita que o time já está no caminho certo. Um dos pontos foi demitir quase todo o elenco deste ano que,  na sua opinião, não alcançou um bom desempenho. “Os jogadores não se entregaram como deveriam se entregar, não suaram ou honraram a camisa do Operário. Além disso, outro ponto que pode trazer melhorias para a próxima temporada foi ter demitido uma parte da diretoria também”.

O torcedor vê outra solução para ter um bom rendimento na série B: Investir na base. “Tem bons jogadores, tem futuro, mas acabam não se destacando porque o Operário não trabalha bem a sua base. Hoje a gente vê que muitos clubes da série A aproveitam e fazem até dinheiro com os meninos da base. O Fantasma dá prioridade em trazer jogadores de fora que não se identificam com o clube, não sabe a história do time, sendo que a solução disso, está na nossa base. Temos que aproveitar isso pro ano que vem”.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Tayna Lyra Feliciano

Edição e Publicação: Tayna Lyra Feliciano

Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa


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