Da mobilização ao desinteresse: a situação atual do DCE UEPG

Da mobilização ao desinteresse: a situação atual do DCE UEPG

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O passado de embates políticos e ações sociais hoje se esconde no abandono da sede

O Diretório Central dos Estudantes da UEPG é sinônimo de representação política, integração acadêmica e auxílio social. Inativo desde 2012 por falta de novas chapas, o DCE retomou as atividades em 2017 com a função de “desatar nós” e solucionar problemas do cenário estudantil. O órgão buscou promover integração social na cidade, mas, atualmente, se encontra em estado de abandono.

O Diretório está sem gestão. A chapa Todas as Vozes se dissolveu com a saída de alguns estudantes de suas funções quando se formaram na Universidade. O plano de reformar a sede não foi executado, mas o espaço passou por melhorias em julho de 2020. Márcio opina sobre o futuro do Diretório. “Gostaria de ver o DCE em atividade. Temo que pela liquidez das relações, essa importante experiência corra o risco de ficar fora do interesse dos estudantes, deixando uma importante caminhada de outras gestões do passado”, diz. 

Guilherme problematiza a inatividade do DCE. Ele o define como “catalisador” de demandas e um órgão de representação estudantil, que reivindica melhorias na UEPG. “Não ter essa entidade funcionando ativamente promove a dificuldade de reconhecimento, tanto do movimento estudantil quanto da contemplação das demandas que os estudantes apresentam”, diz. O ex-integrante da chapa Desatando Nós faz uma reflexão sobre o interesse dos alunos em se engajar nos movimentos políticos estudantis. 

As últimas gestões

Isabela Gobbo é advogada e doutoranda de Ciências Sociais Aplicadas na UEPG. Ela integrou a chapa Desatando Nós, em 2017 e 2018. Ela vê o Diretório como “instrumento de articulação e organização dos estudantes para lutar por pautas que os acadêmicos entendem como importantes”, afirma. Isabela cita como exemplos de pautas a defesa da educação, problemas no Restaurante Universitário e a valorização do trabalho docente. A mobilização nacional estudantil contra a PEC do Teto de Gastos motivou a criação da chapa. “A ocupação na reitoria foi o estopim para que a gente realmente olhasse para o movimento e a necessidade de articular o Diretório”, conta. A partir disso, de acordo com Isabela, foi formada uma comissão provisória para restabelecer o estatuto do órgão, com diversos debates promovidos entre os estudantes da chapa. 

Guilherme Portela, mestrando em Educação na UEPG, também fez parte da chapa Desatando Nós. Entre as ações promovidas, ele conta que a primeira gestão fundou o Cursinho Popular de Pré-Vestibular. “Se tornou um instrumento importante de emancipação política e educacional a estudantes de escolas públicas da cidade, para reforçar conhecimentos que os fizessem entrar na universidade”, afirma. O cursinho, hoje promovido pela UEPG, oferece as disciplinas de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. 

Márcio Soares de Agustinho integrou a chapa Todas as Vozes, entre 2019 e 2020, com o objetivo de combater violências no espaço acadêmico e amenizar a falta de alimento na comunidade de Ponta Grossa. Márcio conta sobre o “Pastel Solidário”, ação realizada em junho de 2020. “Foram várias pessoas envolvidas, algumas na arrecadação de alimentos, outras na produção e venda de pastel, além da distribuição”. O valor arrecadado foi doado a uma cooperativa de reciclagem e quatro famílias foram beneficiadas com cestas básicas. 

Isabela Gobbo reforça a necessidade de um órgão representativo para os estudantes da UEPG. “Sem o DCE, a universidade perde muito. A gente não ocupa diversas tarefas institucionais que poderíamos ocupar. Temos uma desarticulação com a comunidade acadêmica”, afirma. A advogada aponta para meios de retomada das atividades do Diretório. “Vai demorar, mas acredito que é possível a partir da reconstrução do movimento estudantil. Temos que criar uma nova rede de movimento fortalecida para que o DCE encontre lideranças na universidade que fortaleçam essa rede”.

 

Ficha técnica

Reportagem: Vinícius Sampaio
Imagem: Rodrigo Menegat
Edição e Publicação: Carlos Solek
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E. P. Amaral


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