Do console para as telas
A adaptação da franquia de jogos The Last of Us para um seriado de TV
A adaptação de livros ou jogos para produtos audiovisuais é assunto sério no mundo nerd. Se a adaptação não for reproduzida fielmente, pode receber duras críticas dos fãs do produto original, mesmo que esse não seja o objetivo ou que a adaptação perfeita seja impossível de realizar. A mais recente adaptação que tem feito sucesso é o seriado de TV que nasceu dos jogos The Last of Us (2013 e 2020), desenvolvidos pela Naughty Dog. A série tem dividido opiniões entre os que já conheciam a história dos jogos e criticam a fidelidade entre um e outro.
A série ‘The Last of Us’ (O Último de Nós, em tradução literal), criada por Craig Mazin e Neil Druckman, foi lançada em janeiro de 2023 pela emissora HBO e conta com nove episódios. A história se passa em um futuro distópico, caracterizado por um regime político autoritário com sobreviventes de uma pandemia causada por um poderoso fungo, chamado cordyceps. O enredo gira em torno dos personagens Ellie Williams (Bella Ramsey) e Joel Miller (Pedro Pascal).
Joel e sua parceira Tess (Anna Torv) são contrabandistas que recebem o trabalho de atravessar os Estados Unidos, carregando uma carga em troca de mercadorias. A carga em questão é a adolescente de 15 anos Ellie, que pode ser a resposta para o fim da pandemia mundial provocada pelo cordyceps. Acontece que Ellie é a única pessoa imune ao fungo, supostamente por conta de uma mutação que ocorreu rapidamente após o seu nascimento, quando sua mãe é infectada antes de ter a chance de cortar o cordão umbilical que as ligavam.
Logo no início da jornada do trio, Tess é infectada pelo fungo e, antes que se transformasse em zumbi, faz com que Joel prometa dar continuidade à missão que lhes foi entregue. Sabendo que não seria uma viagem nada fácil, Joel e Ellie seguem caminho, a princípio para cumprir com a promessa feita a Tess, mas, a partir daí, a ligação e a confiança entre os dois começam a se estreitar cada vez mais, se aproximando a uma relação de pai e filha.
Antes mesmo de seu lançamento, a série recebia comentários de desaprovação do público sobre a escolha de elenco para uma das personagens mais importantes da história. Bella Ramsey, intérprete de Ellie, recebeu muitas críticas pela sua aparência: alguns alegando que não se parece em nada com a personagem original dos jogos, outros afirmando que não é bonita o suficiente. (Ora, quem se preocupa com beleza em um mundo pós-apocalíptico?) Depois da estreia do primeiro episódio, muitas dessas críticas caíram por água abaixo, pois Ramsey dá um show de atuação e se mostra a Ellie perfeita.
Não somente Ramsey, mas Pedro Pascal também foi uma escolha certeira para atuar como Joel. Ambos os personagens principais são complexos, cada um com suas peculiaridades e traumas e, ao mesmo tempo, cativantes. A dupla apresentou uma ótima química nas telas. Ambos atuaram na série Game of Thrones (2011 – 2019), um drama medieval também produzido pela HBO, mas não chegaram a contracenar juntos.
‘The Last of Us’ não é um live action completamente idêntico ao jogo e, na verdade, isso é uma coisa boa. A série reproduz várias cenas dos games, mas também traz novas interações, histórias e personagens que não foram explorados no produto original. É o caso de Frank, personagem de Murray Bartlett, que faz casal com Bill, interpretado por Nick Offerman. Nos jogos, Frank só tem o nome mencionado por Bill, mas, na série, o terceiro episódio é dedicado a contar a história dos dois que, particularmente, é um dos episódios mais emocionantes. Contudo, nem todos os fãs gostaram do acréscimo à trama e novamente houveram críticas.
Ainda assim, o seriado consegue agradar os fãs de muitas formas. Uma delas foi trazer os atores de Ellie e Joel dos games para a série, só que em papéis diferentes. Ashley Johnson, que deu vida à Ellie nos jogos, volta como a mãe da protagonista. Já Troy Baker, o Joel “original”, recebe um papel de antagonista. Além disso, cinco dubladores brasileiros também retornam à série com os mesmos personagens que dublaram nos jogos.
Diferente do que muitos podem achar antes de assistir o programa, The Last of Us não é uma série sobre zumbis. Claro, os zumbis infectados são, sem dúvidas, essenciais para o enredo. No entanto, é mais complexo que isso. TLOU mostra que mesmo em um mundo distópico, agressivo e perigoso ainda é possível encontrar um sentido à vida. Antes de Ellie, Joel não tinha nada a perder. Depois de conhecê-la, Joel ultrapassou todos os limites possíveis para que a adolescente continuasse viva.
Mesmo para aqueles sem interesse nos jogos eletrônicos da franquia, vale a pena conferir a série produzida pela HBO. São episódios de aproximadamente uma hora de duração, mas que prendem a atenção do início ao fim. Um só episódio é capaz de proporcionar uma montanha russa de emoções: aflição, alegria, tristeza, indignação, choque, raiva. Quando termina, a sensação que fica é de “mas já acabou?”.
Ficha técnica
Reportagem: Larissa Onorio
Edição: Maria Luiza Pontaldi
Publicação: Larissa Onorio
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de edição: Cândida de Oliveira e Mariel E.P. Amaral