Plataformas de conteúdo erótico surgem como alternativa de trabalho

Plataformas de conteúdo erótico surgem como alternativa de trabalho

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Os sites de venda de publicações adultas na internet possibilitam novas formas de renda e saída das ruas 

Com as novas formas de monetização de conteúdos online, a indústria do entretenimento adulto também passa por uma transformação significativa. As tradicionais produtoras de filmes eróticos estão sendo desafiadas pelas plataformas de venda de conteúdo na internet, como OnlyFans, Privacy e ForFans, que oferecem aos criadores de conteúdo adulto uma maneira direta de ganhar dinheiro e exercer controle sobre seu próprio trabalho.

Estas plataformas permitem que produtores monetizem suas fotos e vídeos através de assinaturas, ou cobranças individuais por publicação. O OnlyFans, plataforma que vem liderando esta mudança na indústria de conteúdo erótico, fica com 20% do valor de cada assinatura ou transação realizada entre os criadores de conteúdo e usuários. Segundo dados divulgados pela plataforma em 2022, o site abriga 2,16 milhões de criadores ativos e conta com uma base de 188 milhões de usuários, gerando 25 bilhões de reais em arrecadação bruta.

Já o Privacy surgiu como uma alternativa brasileira ao OnlyFans, oferecendo valores na moeda local, e suporte aos criadores de conteúdo brasileiros e latino americanos. Os criadores de conteúdo do site podem definir uma assinatura para seus perfis de R$5 a R$200, onde os donos do perfil ficam com 80% do total das vendas e os outros 20% são repassados para a plataforma.

Há um ano e meio, Angel, nome que usa em seu perfil, optou por ingressar na plataforma Privacy como uma maneira de obter uma renda extra. “Eu vejo as plataformas como uma maneira fácil e prática de ganhar dinheiro. E com confiança, tanto para nós que criamos conteúdo adulto quanto para os compradores”, destaca.  Ela também explica que a renda da plataforma depende do tempo investido pelo criador. “Para realmente ter uma renda mais estável cabe a maneira como o criador trabalha, por exemplo temos que postar com frequência e divulgar com frequência”. Angel ressalta que já tinha uma grande base de seguidores no Instagram, o que facilitou a divulgação do seu perfil no Privacy.

Plataformas de conteúdo adulto são uma alternativa para sair das ruas e boates. Foto: Tamires Limurci

Além de funcionar como uma opção de renda extra, essas plataformas também podem oferecer uma alternativa para prostituição nas ruas. Jaqueline é uma mulher trans que encontrou na venda de conteúdo uma oportunidade de se afastar do trabalho nas ruas, e dos seus perigos, como o abuso de drogas. “Uma amiga me falou que com o OnlyFans, eu não ficaria tão escrava da rua, já que eu nunca gostei de trabalhar na rua, é muito perigoso, muito violento, traz acesso a drogas e bebidas”.

 Jaque, como é conhecida online, encontrou nas plataformas de venda de conteúdo adulto uma saída para uma vida mais segura e independente, ao migrar do ambiente perigoso das ruas para a segurança proporcionada pelas plataformas online. “Eu entrando na vida dos conteúdos, eu sai da rua. O lucro que eu tinha trabalhando nas ruas como acompanhante eu passei a ter na internet, algo que abriu portas pra mim, que na minha cidade não abriria”, relata.

Jaque decidiu utilizar o For Fans Club como sua plataforma principal devido à taxa de 10% sobre as vendas ser menor em comparação aos 20% cobrados por outras plataformas. Com estratégias de divulgação nas redes sociais, ela viu seu negócio crescer e sua renda aumentar progressivamente.

Apesar de oferecer um meio mais seguro que o trabalho nas ruas, como relatado por Jaque, as plataformas de conteúdo adulto ainda enfrentam dificuldades na proteção do conteúdo e privacidade das criadoras. Em março de 2020, mais de 4 terabytes de fotos e vídeos foram vazadas do OnlyFans e disponibilizadas na nuvem por uma ação de hackers. Angel também relatou sua preocupação com a segurança de suas fotos, “o lado negativo de estar no Privacy é o risco de vazamento do conteúdo”.

Atualmente, o contrato entre os criadores de conteúdo e as plataformas são categorizadas como uma “parceria”, ou seja, não há vínculo empregatício, algo que vem levantado debates no meio das leis trabalhistas. Nesse sentido, os criadores de conteúdo correm riscos de vazamento de imagens ou ataques nas redes sociais, sem a responsabilização das plataformas.

Ficha técnica
Reportagem: Marcella Panzarini e Lucas Müller
Fotos: Marcella Panzarini e Tamires Limurci
Edição e publicação: Tamires Limurci
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E.P. Amaral

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