Espaço Acervo DAC/ PROEX
“A arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”
(Leonardo da Vinci)
ACERVO é uma palavra proveniente do termo latim “acervus” (coleção). Palavra utilizada para fazer referência a uma coleção de obras ou bens que fazem parte de uma propriedade privada ou pública. Este patrimônio pode ser de âmbito artístico, bibliográfico, científico, documental, genético, iconográfico ou histórico.
OBRAS DO ACERVO DAC/PROEX
OBRA: Represa de Alagados
ARTISTA: Horst Schenepper
DATA: 1962
TÉCNICA: O.S.T
DIMENSÃO: 65×120
LOCAL: ACERVO DAC/PROEX
A Galeria DAC/PROEX resolveu apresentar seu acervo para que todos tenham a oportunidade de conhecê-lo. Temos muitas obras interessantes, para que juntos possamos fruir sobre elas. A fruição é a capacidade de interpretar a partir do olhar individual. Sentimentos que devem ser despertados, isto é, quando o expectador se permite “viajar” pela criação artística. Nossa visão está continuamente ativa, em movimento, captando coisas num círculo à sua própria volta. Toda imagem incorpora uma forma de ver. (BERGER, 1999)
Observem essa pintura de paisagem, feita a algumas décadas atrás retratando nela o Alagados de Ponta Grossa, mais precisamente, no interior do Paraná… observem sua textura, veja sua luminosidade entre as Araucárias e o último plano, no seu ponto de vista é amanhecer ou entardecer?
Quais elementos observa na obra?
Gosta de estar em lugares como este?
Você conhece o Alagados, em Ponta Grossa?
Quais as memórias que guarda desse lugar? Ou de algum lugar parecido com esse?
Por onde será que esta estrada percorrerá e quais outras paisagens poderão vir na sua mente?
Pode deixar seus pensamentos no comentário… Vamos interagir?
Biografia do artista: HORST SCHNEPPER
Natural de Curitiba, começou a dar vazão aos seus impulsos vocacionais aos oito anos de idade, quando pela primeira vez reproduziu uma paisagem em aquarela. Aos treze anos seus trabalhos passaram a ser feitos a óleo e desde então a arte tem sido constante em sua vida. Autodidata, passou a optar pela tinta acrílica, com a qual retrata e se identifica, principalmente com temas regionais. Suas telas vêm alcançando grande aceitação pública, não só no Brasil como entre turistas de outros países como: Estados Unidos, Canadá, Holanda, Alemanha e Japão, para onde são vendidas grande parte de suas obras. Em 1972 realizou sua primeira exposição individual na Galeria DAC/PROEX em Ponta Grossa, ocasião em que vendeu todas as telas expostas. A partir daí, a aceitação de seus quadros foi crescendo a ponto de hoje ter mais de seis mil telas espalhadas em nossa Cidade.
Horst Schnepper é professor licenciado em letras e exerceu o magistério durante 30 anos, paralelamente com as artes plásticas. Em 1996 fundou a Galeria de Arte Horst Schnepper, que passou a constituir o principal ponto de venda de suas obras. Galeria de Arte Horst Scheneper – Rua Dr. Joaquim de Paula Xavier, 133- Ponta Grossa/Pr.
FONTE: http://www.horstschnepper.com.br/biograf.html
TEXTO: Profa Adriana R. Suarez e Alberto Mikoski
FOTO: Andreia Spanholi
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OBRA: ESPERA, 1976
ARTISTA: SUZANA VILLELA
TÉCNICA: O.S.T.
DIMENSÃO: 90×108
LOCAL: ACERVO DAC/ PROEX
Para Aumont (2004), aprender olhando, aprender a olhar é o tema da descoberta do visual por meio da arte, da similitude entre ver e compreender. Com isso, precisamos cada vez mais aprender a ver, compreendendo aquilo que vemos a nossa frente. A partir disso propomos algumas reflexões acerca de mais uma obra do acervo da DAC/PROEX: “ESPERA”. Nossos sonhos, nossa realidade, nossas emoções, nossas indignações diante do mundo em que vivemos podem ser resultados de uma vida constante em que desejamos ter ou que já temos. As diferenças que nos movem e que nos tiram de uma realidade constante e acomodada faz ressurgir emoções que há tempos não sentíamos.
Vamos observar juntos a obra “ESPERA”, da artista Suzana Villela do ano de 1976.
Quais as cores conseguem observar na obra? E as expressões dessas mulheres, o que consegue sentir? Seria a mesma mulher, ou seriam três mulheres?
Quais os sentimentos podem decifrar ao contemplar a obra?
E como ela se comporta diante da sua visão/observação?
O que será que a obra “ESPERA”, pode representar atualmente?
Você acha realmente que a espera traz emoções corporais que você há tempos não sentia?
Será que nossa espera, diante aos acontecimentos da pandemia, vai resultar em algo bom para um novo tempo?
Hoje, a espera pode ser boa em sua vida de que forma?
Biografia da artista: Suzana Villela, nasceu em 1941 em Ponta Grossa/PR. Autodidata, dedicou-se a pintura desde 1962. Em 1967 realiza sua primeira exposição individual. Fez desenho, pintura, escultura e gravura. Também em 1967 participou no 30° Salão de Arte Religiosa Brasileira. Em 1973 fez individual no Centro Cultural Brasil-EUA em Curitiba. Em 1974 fez coletiva na Galeria Acu-Acu em Santa Catarina, Coletiva Paraná Arte-Hoje em Curitiba, e coletiva Eucatexpo na Galeria de Arte de São Paulo, e ainda individual em Belo Horizonte. Em 1975 faz coletiva Eucatexpo na Galeria de Arte de Curitiba e Individual de Chat Galeri em Niterói. Em 1976 faz coletiva de 22 Artistas do Paraná no SCEC em Curitiba. Em 1977 faz Coletiva em São Paulo e individual na Galeria Schmaubelt Balls em Munique na Alemanha. Em 1982 faz coletiva na Fundação Cultural em Cuiabá e Individual na Casabranca Galeria de Arte em Curitiba.
FONTE: https://www.clubecuritibano.com.br/arte/sem-titulo-29/
TEXTO: Profa Adriana R. Suarez e Alberto Mikoski
FOTO: Andreia Spanholi
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OBRA: Vila Velha, na Rota dos Tropeiros
ARTISTA: Veraliz Regina Cominato (in memorian)
DATA: 2008
TÉCNICA: O.S.T.
DIMENSÃO: 70×100
LOCAL: Acervo DAC/ PROEX
Segundo Manguel (2001), as imagens como a história nos informam, por isso a importância de saber “ler imagens”. Nossa existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos. Imagens cujo significado varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência.
Para ler uma imagem precisamos “resgatar” nossas memórias, ativando nosso (s) olhar (es), provocando nossos sentimentos, e assim, permitir a nossa fruição estética. Portanto, quando nos deparamos com lugares diferentes em nossa vida, podemos sentir sensações diferentes dependendo do contexto em que nos encontramos. Reconhecer lugares onde passamos e onde ainda passaremos, nos serve intrinsicamente como evolução do nosso ser e dos nossos sonhos que poderemos ter. Ver a imagem de lugares que conhecemos e pensando sobre estes “lugares” que já passamos, moramos, nascemos e até sonhamos, e que nos marcam, pensemos por um minutinho:
- Quais lugares interessantes você conhece? Ou sonha em conhecer?
- Quais lugares desperta em você, sensações boas e tranquilas?
- Entre tantos lugares que já passou, conheceu, qual gostaria de voltar?
- Se você fosse um artista, qual lugar você representaria em sua obra de arte?
- Observe o quadro: Vila Velha, na Rota dos Tropeiros, da artista Veraliz Regina Cominato. Você conhece este lugar?
- Conhece o Parque de Vila Velha, em Ponta Gossa/Paraná?
- Será que a viagem dos tropeiros foi tranquila e calma como representada na obra pictórica, Vila Velha, na Rota dos Tropeiros de 2008?
- Qual sua narrativa sobre esta imagem?
TEXTO: Profa Adriana R. Suarez e Alberto Mikoski
FOTO: Andreia Spanholi
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OBRA: Galinhas e patos
DATA: 2005
ARTISTA: Astrid Jonker
TÉCNICA: O.S.T.
DIMENSÃO: 40×50
LOCAL: ACERVO DAC/PROEX
Tempo…memórias!
O tempo flui, como um rio, aquele ao qual Heráclito disse que não podemos descer duas vezes. Há, basicamente, duas maneiras de conceber o fluxo do tempo: desde o passado em direção ao futuro, ou desde o futuro em direção ao passado (BORGES, 1960), quando a partir desse fluxo do tempo, guardamos nossas memórias!
Existem muitas maneiras de revisitar nossas memórias. A pintura, uma dessas maneiras, nos ajuda a registrar o tempo, os momentos, as paisagens, as pessoas, a natureza, de maneira objetiva ou subjetiva.
Então…
Se eu começasse esse post com a pergunta: hoje, o que você consegue enxergar da janela do seu quarto que lhe chama a atenção?
Talvez você me responderia que fossem árvores, flores, quintal de casa, ou até mesmo uma bela visão do último andar de um prédio tendo o privilégio de enxergar toda a cidade ou…
e também…
O mundo está mudando constantemente, paisagens mudam, se transformam para melhor ou pior, lugares se modificam e deles podemos apenas ter lembranças com alguns retratos e pinturas que nos façam imaginar quais lugares vão nos agradando ou não, diante do presente.
• Hoje você realmente está contente com a paisagem da sua vida?
• Você realmente está contente com a paisagem em que você vive e sobrevive?
• Qual “paisagem” guardaria em sua memória?
• Se sua vida está numa paisagem rural, gostaria de ser urbana? E você que está na urbana gostaria de ser rural? Por que não tentar mudar isso?
• Gostaria de nos contar alguma coisa que essa pintura lhe transmite?
TEXTO: Adriana Rodrigues Suarez e Alberto Mikoski
FOTO: Andreia Spanholi
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ARTISTA: RUTE YUMI
OBRA: Série ¨Ipes¨
TÉCNICA: Sumiê (pintura com nanquim em barra)
LOCAL: PROEX
Você já teve a sensação de estar num lugar ermo e silencioso onde parece ser o único lugar que você já esteve, talvez em outras vidas?
Aquele lugar que te deixa calmo, alegre e ao mesmo tempo pensante sobre o que acontece depois que partirmos dessa vida?
Para você, a sensação é de solidão? ou mesmo tendo a árvore como vida, apresenta uma solidão, um silêncio que pode nos causar uma série de reflexões? O que somos, como nos comportamos e para onde vamos? Quando algo não dá certo em nossa vida temos sempre uma “árvore” que nos iluminará com suas gamas de cores e deixará nosso caminho mais belo?
São apenas algumas reflexões…
Causar sentimentos e emoções perante a observação e leitura de uma imagem, seja ela qual for é um fator relevante para que o fazer artístico se torne uma obra de arte significativa. O artista tem, muitas vezes, a intenção de alcançar pessoas que observem a obra e assim tenham a vontade de expressar o que sentem. A obra fala por si só, mas o fruidor tem o direito de expressar seus sentimentos e emoções.
Na obra Série “Ipês”, da artista Rute Yumi , temos uma absorção total de 2 cores que se complementam diante das paisagens. O cinza com suas variações de tonalidades sejam elas do mais claro para o mais escuro, apresentam um degradê, e o amarelo em destaque,dando alusão de que a árvore é o principal elemento da obra. A Série é uma pintura com nanquim em barra e tinta de caligrafia amarela.
“Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao individuo analisar a realidade percebida ao desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.” (BARBOSA, A. M. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte.- 2. Ed. – São Paulo: Cortez, 2003,cap 1o)
Texto: Adriana Rodrigues Suarez e Alberto Mikoski
Fotografia: Andreia Spanholi
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“Casa de Hades”, 2018
CELSO PARUBOCZ
Mista S. T. 160×160
LOCAL: ACERVO PROEX
Esta obra é do artista CELSO PARUBOCZ, e tem como objetivo retratar a “Casa de Hades”. Hades era um Deus grego do submundo, também chamado de Plutão que guardava todas as riquezas e bens materiais que valiam como preciosidades. Hades reside no lugar mais sombrio da terra como descreve a mitologia e guarda nesse lugar as almas dos mortos. Conseguimos enxergar a liberdade com que as pinceladas são retratadas (abstrato expressionista). Traços com a escala dos tons vermelhos, colocados ao fundo, e em primeiro plano, o amarelo (composição da paleta de cores quentes) entra como se nos contasse que ali há chamas queimando, talvez, podemos fruir sobre a obra, a representação de um lugar quente e sombrio. A cor mais escura no terceiro plano da uma profundidade maior na tela, onde podemos perceber que esse fogo que arde no primeiro plano já deixou sua marca nas profundezas, podendo, quem sabe, ser um sinal de que já tenha queimado e destruído com tudo o que há nas profundezas.
A “Casa de Hades” torna-se uma pintura em movimento, com cores quentes e uma representação abstrata, subjetiva, que nos leva a busca de uma construção de formas visíveis para que tenhamos uma leitura da imagem mais óbvia. E quem precisa de uma imagem óbvia? Para responder às questões óbvias?
Então vamos refletir a partir da obra: “Casa de Hades”
O que é o inferno para você?
Será mesmo que esse lugar sombrio é só depois que morremos ou ele já existe dentro de cada um de nós?
O que você enxerga nesta pintura?
Ela reflete um lugar sombrio e quente na sua observação?
Texto: Prof Adriana Rodrigues Suarez e Alberto Mikoski
foto: Andreia Spanholi
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Descanso de Apolo
ROSSANA STORI MOTELLA
OBRA Descanso de Apolo
DATA 2009
TÉCNICA a.s.t
MEDIDAS 50×70
LOCAL PROEX Observe essa obra: Descanso de Apolo
Sabe quem foi Apolo?
Apolo é um deus da mitologia greco-romana, considerado um dos maiores deuses do Olimpo. Ele é venerado como o deus do Sol, da profecia, da poesia, das artes, da música, da cura, da justiça, da lei, da ordem, do tiro ao alvo e da peste. Imagine o descanso de Apolo diante do que ele representa para a mitologia.
Percebemos que o Ser retratado está descansando, ele que é considerado o Deus da cura da Justiça e da Lei. Em uma breve comparação com os dias atuais, onde parece que a Justiça descansa sem ter hora para acordar diante de acontecimentos mundiais. Apolo só poderia estar desolado para querer descansar bem na hora da labuta.
Observamos que na pintura da artista Rossana Stori Moletta, nos apresenta uma profundidade muito bem definida, cores que remetem a leveza de um descanso calmo e sereno, parece que ninguém deve atrapalhar seu sono. Os traços de sombra em contraste com a luz fazem da pintura a principal forma de revelação do corpo. O corpo de Apolo está coberto por um pano, onde nele se mistura ao seu corpo aparente. Vejamos que mesmo com cores monocromáticas, na escala das cores neutras, podemos observar a sobreposição das formas do corpo com objetos de cena, obtendo assim, a definição óbvia do que observamos no cenário.
O descanso torna-se ponto chave quando queremos pensar em calmaria e finalização de um dia, de um trabalho árduo que nos leva a fadiga. O descanso é a recuperação física e mentalmente na vida do indivíduo. O descanso torna-se principal ponto de término e início de renovação.
O que você enxerga na representação do descanso de Apolo? O deus do Sol, da profecia, da poesia, das artes, da música, da cura, da justiça, da lei, da ordem, do tiro ao alvo e da peste, poderia descansar? Será mesmo que ele descansava por prazer ou por necessidade do cansaço do corpo e da mente?
Imaginemos esse olhar perante o indivíduo nos dias de hoje, quais proporções pode se tornar referência de cansaço? O que tem te cansado, tirado sua paz? Qual descanso você precisa? Mental? Físico? Espiritual? O descanso se torna eminente quando não temos mais forças em continuar ou quando estamos cansados de tudo?
texto: Alberto Mikoski e Adriana Rodrigues Suarez
foto: Adreia Spanholi
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ARTISTA AIDÊ ZOREK
OBRA A Ferro e o Fogo DATA 2001
TÉCNICA Mista S.T.
MEDIDAS 80×100
LOCAL PROEX
ARTISTA AIDÊ ZOREK
OBRA Passagens DATA 2010
TÉCNICA Mista S.T.
MEDIDAS 80×100
LOCAL PROEX
O senso comum talvez pense inicialmente: “pintura cheia de rabisco!” ou até mesmo “nossa, desta arte até eu faço!” e se questionará “isto é arte!”.
Lhe respondo: – SIM, isso é arte!
Independentemente do que a obra nos revela materialmente, ou técnica usada, a poiesis do artista junto com a práxis é um dos meios vistos dentro de uma curadoria de arte, que revela a imensidão do sentido/significado do objeto arte para com o público.
O abstracionismo, que usa as formas abstratas em detrimento das figuras, vem de encontro a forma mais humana de interagir com o material, seja pintura, escultura, gravura, entre outras artes. O artista expressa suas emoções diante da tela sem estar completamente focado nas formas reais, mas, com princípios e argumentos para a criticidade da obra. A imagem desconstruída do abstracionismo, arte “não representacional”, faz parte do sentir, trazendo a subjetividade e permitindo ao expectador, liberdade de “ver” aquilo que seus anseios procuram. O Abstrato é um movimento que apresenta uma ruptura artística, tendo como precursor o artista russo Wassily Kandisnky. Pintor interessado em estudar os efeitos da cor e da criação aliada à música. Surge no final do século XIX. (STANGOS, 2000)
- Você se acha expressivo?
- Compreende o que abstracionismo tenta nos revelar?
- Nas obras da artista Aidê Zorek, o que consegue ver? Sentir?
- As cores e os movimentos das pinceladas das obras “Passagens” e “Ferro e Fogo”, te agradam? Desperta sentimentos? Quais?
texto: Alberto Mikoski e Prof Adriana Rodrigues Suarez
foto: Adreia Spanholi
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FRATERNIDADE I
Maria Cecilia Issa
O.S.T
FRATERNIDADE II
Maria Cecilia Issa
O.S.T
Quando nos referimos a criação artística, devemos revelá-la intrinsecamente no modo mais puro de ser, e reconhecer que a criação nos revela o mais puro dos puros trabalhos, podendo se referir a Arte.O fazer artístico se torna trabalho de si. Sobre a criatividade Fayga Ostrower afirma que:
“O homem elabora seu potencial criador através do trabalho. É uma experiência vital. Nela o homem encontra sua humanidade ao realizar tarefas essenciais à vida humana e essencialmente humanas. A criação se desdobra no trabalho porquanto este traz em si a necessidade que gera as possíveis soluções criativas. Nem na arte existiria criatividade se não pudéssemos encarar o fazer artístico como trabalho, como um fazer intencional produtivo e necessário que amplia em nós a capacidade de viver. Retirando à arte do caráter de trabalho, ela é reduzida a algo de supérfluo, enfeite talvez porém prescindível à existência humana. ” (OSTROWER, F. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis. Ed. Vozes – 1987).
O discurso de Ostrower (1997)afirma que o potencial artístico do indivíduo se destaca na capacidade criadora do seu trabalho. Como vai sua criatividade? Você é uma pessoa criativa? E a criatividade da artista Maria Cecilia com as obras apresentadas? Ao observarmos as duas obras de Arte percebemos que são pinturas, óleo sobre tela, da artista Maria Cecilia. Os nomes das obras se interligam como coirmãs na leitura de imagem.A obra Fraternidade I retrata dois meninos e a obra Fraternidade retrata duas meninas, ambas, num abraço fraterno, rumo a um determinado lugar. As cores usadas pela artista comungam com o tema abordado. Cores sutis, construindo uma harmonia visual, suavidade, serenidade. Qual seria a intenção da artista ao retratar crianças em um momento harmonioso, de amizade, de confraternização?
Trazendo para os dias atuais onde o distanciamento social ocorre, podemos considerar que o abraço faz falta, e que essa amizade tão pura, inocente, onde o calor de um abraço está ligado as emoções, podemos fazer uma leitura de que o comportamento humano necessita de uma fraternidade, necessita do toque. Notemos, que além da observação leve de amizade que existe dentro da obra, podemos trazer a leveza para a técnica dos traços e cores utilizadas na pintura, comungando com o todo. Existe uma realidade entre a imagem e o expectador, mas que se difundem ao observar de perto os traços utilizados para a formalização da imagem, como se a artista escolhe onde, quando e qual cor a pintura necessita para ela, com propriedade, concluindo perfeitamente os traços da sua representação.
Podemos “ler” essas obras nos questionando…
- Para onde essas obras nos levam ou até mesmo, para onde os próprios personagens estão indo?
- A fraternidade existe mesmo diante do contexto contemporâneo reconhecendo tantas barbáries no mundo?
- Será mesmo que o mundo torna-se um lugar fraterno ao longo do tempo?
- Pra você, a imagem condiz com o nome da obra?
- Quem seriam esses personagens?
Experimente!
texto: Adriana Rodrigues Suarez e Alberto Mikoski
foto: Alberto Mikoski
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A CAMA, 2010
Emerson Persona
Acrílica sobre tela. Dimensão: 120 x 145
Encontramos na Arte diversas formas de interpretações, a partir da leitura de imagem podemos chegar mais próximos das reflexões críticas sobre o que observamos. O autor Antonio Costella (1999) em seu livro, Para Apreciar a Arte, apresenta alguns pontos de vista a serem observados pelos espectador diante da obra de arte. Os dez pontos de vista destacados pelo autor são: Factual, Expressional, Técnico, Convencional, Estilístico, Atualizado, Institucional, Comercial, Neofactual e Estético, cada ponto tem a responsabilidade de despertar o olhar do contemplador. Para a leitura da obra A CAMA, do artista Emerson Persona serão utilizados dois pontos de vista, o Ponto de Vista Factual e o Ponto de Vista Expressional, aqueles que, para o momento serão pertinentes para as reflexões.
Ao observarmos uma Obra de Arte temos várias concepções. A análise pelo Ponto de Vista Factual sobre a obra A CAMA, nos leva a interpretar a leveza dos objetos, os quais parecem suspensos e em movimento, numa energia transparente de encontro ou de fuga. Na cor azul, o artista, talvez, tenha buscado representar a água? Ou não. E as cores? quando observamos as cores, percebemos um predomínio da cor quente, uma escala cromática intensa, e ao mesmo tempo as cores frias surgem na composição. O azul claro e escuro se contrapõe junto ao vermelho em destaque, deixando assim uma clara separação, mesmo assim, uma junção no contraste. Figuras narrativas de seres irreconhecíveis, compartilham o mesmo espaço com formações fantasmagóricas onde nos faz pensar numa possível leitura de ser terrestre, mas que deixa incompleto enquanto explicação real do que possa ser. Máscaras com formação
humana, ou rostos humanos flutuando. Seria uma mulher? Representa um sonho? Uma fuga? Algo real? Irreal? Medo? Encontro? Desencontro?
No Ponto de Vista Expressional, o autor descreve como parte constituinte da obra de arte, ponto que mexe com o sentimento do observador. O artista, a partir da linguagem pictorial, consegue induzir no expectador um sentimento único, trazendo à tona suas experiências de vida à obra.
Por que você não experimenta trazer seu Ponto de Vista Expressional a obra: A CAMA, do artista Emerson Persona?
Qual seu pensamento mais íntimo quando observa esta obra?
Quais as sensações positivas e/ou negativas quando a observa?
Ao deparar-se com essa pintura, quais são suas percepções sobre a composição dos elementos e cores que o artista representou?
Você reconhece todas as imagens representadas na obra?
Para analisar, sentir uma obra, as imagens precisam ser reais?
Reconhecíveis?
“Voe” em seus pensamentos, a liberdade nos permite irmos até onde nosso coração nos levar…
Permita-se!