COLEÇÃO “O PROGRESSO”/”DIÁRIO DOS CAMPOS” – 1909/1924

Niltonci Batista Chaves (diretor do Museu Campos Gerais)

Criado por Jacob Holzmann em 1907, “O Progresso” não foi o primeiro jornal a ser impresso e a circular em Ponta Grossa. Antes dele, outros jornais já haviam tentado se estabelecer na cidade, conforme aponta Valfrido Pilotto em seu “Ideais de Ontem da Cidade Sempre Jovem” (1973), o mais completo inventário já produzido a respeito da história da imprensa ponta-grossense. De acordo com os apontamentos nesse documento, o primeiro jornal fundado em Ponta Grossa foi o “Campos Geraes”, de 1893, depois ainda vieram o “Gazeta dos Campos” (1899) e um novo “Campos Geraes” (1900). Todos, porém, não conseguiram sobreviver além das primeiras edições.

Pode-se dizer que, ao circular pela primeira vez, em 27 de abril de 1907, “O Progresso” – que a partir de 1913 passaria a se chamar “Diário dos Campos” – inaugurou, efetivamente, a história do jornalismo impresso em Ponta Grossa, na medida em que o jornal – inicialmente publicado duas vezes por semana e, posteriormente, com circulação diária – se consolidou como primeiro veículo de comunicação local, ocupando exclusivamente essa condição até o início da década de 1940.

Pelo “O Progresso”/”Diário dos Campos” passaram – nas primeiras décadas do século XX – grandes nomes do jornalismo paranaense, como: Hugo Reis, Raul Gomes, Teixeira Coelho, José Cadilhe e Wilson Martins. No conjunto, atuaram como jornalistas, redatores, cronistas, repórteres, poetas, contistas, colunistas ou, até mesmo, colaboradores pontuais. Além de trazer informações sobre acontecimentos nacionais e internacionais (copiados de jornais de grande circulação), o periódico fundado por Jacob Holzmann se caracterizou por narrar o cotidiano local e regional.

Notícias e análises do mundo político ponta-grossense (uma das grandes marcas do jornal nesse período), uma extensa cobertura sobre o campo cultural, sobre o desenvolvimento econômico e também a respeito das disputas esportivas – em especial sobre as escaramuças nos gramados locais – fizeram parte das páginas do jornal. Da mesma forma, o universo policial, o comportamento social, o que então se chamava de ‘mundo feminino’, a religiosidade (com destaque para a doutrina espírita) e as novidades que chegavam pela ferrovia sempre mereceram destaque nas páginas do jornal. Machado de Assis, Flaubert, Charles Dickens, Baudelaire e outros cânones tiveram suas obras publicadas – em capítulos – no jornal, contribuindo para que ele tivesse um tom acentuadamente literário.

Desde 1996, a única coleção física da primeira fase do jornal “O Progresso”/”Diário dos Campos” (1907-1924) está sob guarda da Casa da Memória Paraná, unidade vinculada a Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa. Apesar de lacunas, em especial nos dois anos iniciais(1907/1909), boa parte das edições está preservada e em condição de pesquisa. Desde a década de 2000, uma aproximação entre a Universidade Estadual de Ponta Grossa – viabilizada por um projeto coordenado pelos professores Edson Armando Silva (Departamento de História) e Gerson Kniphoff da Cruz (Departamento de Física) – e a Casa da Memória deu início ao processo de digitalização das primeiras edições do periódico.

Em 2015, a criação do repositório Memórias Digitais no Museu Campos Gerais propiciou a aproximação institucional entre a CMP e o MCG. Esses dois importantes centros de documentação reservam coleções documentais fundamentais para os estudos históricos a respeito de Ponta Grossa e da região dos Campos Gerais, entre as quais, a série do “Diário dos Campos” a partir de 1932.

Neste primeiro momento, o repositório Memórias Digitais disponibiliza as primeiras edições do jornal “O Progresso”/”Diário dos Campos” referentes ao período 1909-1924, a ser complementado em futuras atualizações, estas edições foram tratados no MCG a partir do projeto de digitalização iniciado na década de 2000, conforme citado anteriormente. Mesmo com lacunas, a coleção aqui disponibilizada permite aos pesquisadores o acesso a um grande volume de informações a partir do discurso jornalístico produzido nesse tradicional periódico.

Acesse o Memórias Digitais 

 

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