Qual a probabilidade de um sujeito histórico de seu tempo inserir-se em tantas esferas sociais, passando por grandes e variados centros de produção e difusão de conhecimento em 44 anos de vida? Pois, é justamente essa pergunta que nos vem à cabeça quando visitamos a exposição Múltiplo Leminski, em cartaz até a dezembro de 2021 no Museu Campos Gerais (MCG).
Se, por um lado, a pluralidade de escritos literários, composições musicais e imensa rede de sociabilidade que circundam Paulo Leminski nos impressiona, sua contribuição para com o jornalismo e a publicidade não menos. Essa faceta, por sinal, merece uma observação à parte.
Entre sua inicial trajetória de colaboração jornalística, quando ofereceu ao periódico carioca O Pasquim, seus préstimos, em fins dos anos 60, até sua última coluna assinada em 1989, ano de seu falecimento, no paranaense Folha de Londrina, Leminski acumulou inúmeras publicações em jornais e revistas espalhados pelo país.
Caso explorada com atenção, a exposição Múltiplo Leminski oferece ao visitante um fio responsável por conduzir o interessado pela faceta jornalística do poeta descobrir pelos menos nove veículos de comunicação (jornais e revistas) por onde ele deixou suas análises, polêmicas e pensamentos. Ainda que possua uma seção específica para tratar o assunto, a exposição possibilita que a temática seja pinçada por outros setores da mostra, constituindo, portanto, uma lista com os seguintes nove espaços midiáticos em ao menos três estados:
O Pasquim (RJ)
Correio de Notícias (PR);
Folha de São Paulo (SP);
Diário do Paraná (PR);
Gazeta do Povo (PR );
O Estado do Paraná (PR);
Folha de Londrina (PR);
Isto é (SP);
Jornal de Vanguarda/ Tv Bandeirantes (SP);
A versatilidade do poeta jornalista possibilitou sua atuação em importantes jornais da época, desde o Rio de Janeiro até o Paraná. Assinou textos no peculiar O Pasquim (RJ), jornal humorístico ligado à contracultura e em oposição à ditadura, e, ao mesmo tempo, passou pelo Correio de Notícias (PR), Diário do Paraná (PR) e Folha de Londrina (PR) — o que nos mostra a capacidade plural de engajamento e, por que não, de antropofagia cultural inerente à rotina do escritor.
Característico de um intelectual de seu tempo, Paulo Leminski não deixou de ser dialógico para com a realidade na qual estava inserido. Deixou legado significativo tanto para o jornalismo quanto para a publicidade, demonstrando que, seja texto noticioso, sejam slogans com finalidades propagandistas, o ser poético não precisava ser abandonado.
A trajetória de Leminski pode ser analisada através do crivo da História Política Renovada com propriedade legítima. A vasta quantidade de produção deixada pelo escritor oferece aos estudiosos interessados um caminho de pesquisa muito frutífero, seja no campo dos estudos das linguagens, seja nas ciências humanas em geral.
Eis alguns periódicos aqui listados que podem ser pesquisados na plataforma da Biblioteca Nacional Digital:
O Pasquim:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=124745&pesq=&pagfis=22453
Correio de Notícias:
http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=325538&pesq=
Diário do Paraná:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=761672&pesq=&pagfis=5227
Meu pai, jornalista
Em meet recente na 15ª Primavera dos Museus, Aurea Leminski destacou a relação de seu pai com o jornalismo. Ela detalha trabalhos do escritor para agências de notícias e como redator em jornais.
Relembre clicando aqui
Referência
PROST, Antoine. As palavras. In: RÉMOND, René (Org.). Por uma história política. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. 472 p
Pesquisa e texto: Ricardo Enguel Gonçalves, especial para o Museu Campos Gerais.