Pesquisadoras revelam valor regional em acervos de jornal e foto

Confira na íntegra o debate ‘Acervos em perspectiva’: https://youtu.be/e45pwr16Zq0

A relevância de acervos históricos do interior do estado do Paraná para o entendimento do país e as possibilidades de digitalização de documentos como estímulo a novas pesquisas. Esses dois temas compuseram o painel ‘Acervos em perspectiva’, no segundo dia de atividades online do Museu Campos Gerais na 14ª Primavera dos Museus. As convidadas para o debate foram as pesquisadoras Zuleide Matulle e Ruhama Sabião, ambas egressas do Programa de Pós-Graduação em História, Cultura e Identidade da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

As palestrantes apresentaram ao público na tarde de terça-feira (22) principais características dos acervos do jornal O Comércio, de União da Vitória, e do Foto Tanko, de Santo Antonio da Platina. “Eu não vejo o jornal O comércio como uma fonte de pesquisa simplesmente da história local. Na minha concepção, quem faz história local, faz história do Brasil. Quem pesquisa União da Vitória, Porto União, Ponta Grossa, está fazendo história do Brasil”, entende Zuleide Matulle, professora da Unespar.

Em 2021 o jornal completa 90 anos, editado pelo grupo Verde Vale. Desse modo, é possível dizer que o acervo diz respeito a diversas fases do Brasil, assinala a pesquisadora. A documentação jornalística e histórica está parcialmente digitalizada e em breve deve ser disponibilizada no repositório Memórias Digitais do MCG. “A disponibilização desse acervo ao público também é importante porque possibilita o acesso de pesquisadores de diferentes áreas, e também professores, estudantes, a narrativas de tensões de uma sociedade local em suas intersecções com o nacional e com o global”, afirma.

Um dos resultados da dissertação de mestrado da autora foi a percepção do papel do encontramento ferroviário na circulação do jornal. Desse modo, era comum que jornalistas e comerciantes visitassem a redação do jornal enquanto esperavam a saída dos trens, isso ajudava na relação do periódico com as diferentes regiões, pois a ferrovia estimulava a circulação de ideias e o contato com diversos jornais.

Para Ruhama Sabião, o acervo do Foto Tanko também extrapola o interesse local. “Falar sobre o foto Tanko não é falar só sobre Santo Antônio da Platina, mas é falar sobre toda a região, sobre todo um contexto histórico ligado à ferrovia e ao desenvolvimento do norte do estado”, explica. O conjunto histórico iconográfico, documental e de peças encontra-se em fase de cessão ao MCG, após a diretoria do museu ter sido procurada por familiares do antigo proprietário e representantes da prefeitura.

O acervo resulta de três gerações da família Tanko. O foto iniciou em 1942 com José Tanko, imigrante nascido na Romêmia e fotógrafo autodidata – fotos em preto e branco registram a reconstrução cultural da cidade. As imagens coloridas teriam vez com o filho, Paulo Tanko. O neto Guilherme Tanko responde pelo período de fotos digitais e artísticas, que se encerra em 2004. A pesquisadora identifica que a função social da fotografia e o seu valor foram se moldando conforme os anos foram passando. A mediação do painel ficou por conta do diretor geral do MCG, Niltonci Chaves, e da diretora de Ação Educativa, Patricia Camera.

Saiba mais

– Acesse a dissertação de mestrado de Zuleide Matulle sobre o jornal O Comércio

https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2389

– Curiosidade: o Foto Tanko guarda em seu acervo registros dos anos de 1940 e 1950, fase de reestruturação do município de Santo Antonio da Platina proporcionada pela estrada de ferro. A diversidade de estilo das fotos levanta a hipótese de existirem imagens de outros autores. O conjunto documenta ruas e a história da arquitetura da cidade, além de eventos, como a visita do presidente Juscelino Kubitschek ao município.

Relembre

Museu Campos Gerais deve receber acervo do Foto Tanko

https://www2.uepg.br/museu/museu-campos-gerais-avalia-receber-acervo-fotografico-do-foto-tanko/

(Assessoria MCG com informações de Tamires Limurci, Leriany Barbosa e Cristiane de Melo – do projeto Ações Culturais no Museu Campos Gerais)

Skip to content