Por trás da série “Cidade Invisível”

Por trás da série “Cidade Invisível”

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Conheça Andriolli Costa, um dos consultores da 2ª temporada da trama original da Netflix

Andriolli Costa, 33 anos, é jornalista, professor adjunto do Departamento de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, e produtor do podcast Poranduba, que trata sobre folclore brasileiro. Foi um dos nomes escolhidos para prestar consultorias à Netflix para a produção da série “Cidade Invisível”, que foi ao ar em março deste ano. Em entrevista, o pesquisador conta como foi sua participação na série e como o tema folclore engloba suas vivências.

De acordo com o jornalista, foi uma grande oportunidade que reflete o reconhecimento pelo trabalho que realiza há anos de graça. “Comento obras culturais inspiradas no folclore. Comento todos os episódios, cada detalhe e cada problema. E, então, fui convidado para consultoria da Netflix, sempre tive esse desejo”, conta. Além disso, o jornalista relata que diversos escritores participaram da produção da série e, por serem escritores, sentiam vontade de mexer também no roteiro. “Mas a gente não foi chamado para roteiro e sim para consultoria folclórica. Então tivemos que entender nosso papel, que foi dar subsídios para que a série pudesse ser criada”, explica.

Segundo Andriolli, os consultores partilhavam suas reflexões sobre temas do folclore e pensamentos sobre mitos que não se encontram em qualquer lugar. Para ele, essas visões de mito, que mostram mais do que aparentam, foram uma dificuldade no processo de criação da série uma vez que precisavam atender à linguagem cinematográfica que o produto pedia.

O jornalista destaca que, para ele, os personagens do folclore não são apenas histórias, são parte da vida. “Entendo o folclore, como um saber não institucionalizado. Não é o que o governo te diz, o que a escola ou a própria igreja te diz, é o que você aprende no seio da sua família. E, aí é uma relação de afetos, que vai além da racionalidade”, analisa.

Andriolli conta que essa foi a primeira parceria que teve com a Netflix, contudo, já trabalhou em outras séries e documentários. O jornalista já atuou como pesquisador e roteirista em uma série cearense chamada “Raiz dos Festejos”, sobre festas populares. Outra série documental foi a “Mitos Vivos”, que tem apresentação de Gabriel Sater, onde foi pesquisador e participou de cenas em que explicava mitos em todos os episódios. Já colaborou também em livros como “O mistério do carneiro de ouro” (editora Rocco), do autor Thiago Lee,  e  “Noé Carnavalesco” (editora Pyro).

Folclore e experiências pessoais

Em entrevista, o consultor contou ainda como estabeleceu relação com mitos e lendas do folclore. Segundo ele, a contação de histórias vem de família, “meu pai contava histórias de saci, meus avós também. Minha bisavó também ouvia histórias da minha tataravó. Então, é uma família que sempre teve contação. Não tinha como não ter os mitos presentes na minha vida”. Ouça Andriolli contando sobre o vínculo familiar com o Saci:

Quando estava na faculdade, o pai de Andriolli ainda lembrava-o de histórias do Saci. O que Andriolli tirou disso foi que seu pai não estava falando de Saci para impressionar uma criança, porque já não era mais uma. “Ele falava de Saci porque era uma experiência dele, que estava partilhando com o filho. Algo que era tão parte da sua vida que ao partilhar suas vivências no mundo, não tinha como negar a presença do Saci”, analisa.

De acordo com o jornalista, diferente do que muitas pessoas pensam, personagens do folclore não são coisas de criança, de interiorano ou de pessoas sem instrução formal. “Entendi que o Saci, assim como toda cultura popular, é coisa de brasileiro, de todo aquele que consegue ser atravessado pela potência simbólica dessa manifestação da cultura do povo” finaliza.

Ficha técnica

Reportagem: Ana Moraes
Áudio e foto: Ana Moraes/ Acervo Pessoal Andriolli Costa
Edição e publicação: Tamires Limurci
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Muriel E.P. Amaral


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