A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), apesar de não ofertar graduação em Engenharia Ambiental, oferta o curso de especialização em Engenharia e Gestão Ambiental periodicamente há vários anos. A partir do curso, surgiu a ideia de criar um mestrado na área. O problema é que os professores do departamento de Engenharia Civil da universidade eram insuficientes para constituir um programa.
Assim, uma parceria entre UEPG e Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), campus Irati, foi determinante para o surgimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental (PPGESA), em 2013. Isso porque a Unicentro oferta graduação em Engenharia Ambiental e partilhava do mesmo interesse (mestrado) e do mesmo problema (departamento reduzido).
A área de concentração do PPGESA é Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos e o mestrado recebe conceito 3 pela Capes. Seu objetivo é formar profissionais de alto nível técnico-científico para a docência, pesquisa e mercado, bem como qualificar profissionais já atuantes em empresas e indústrias do setor.
A colaboração entre as universidades produz bons resultados, pois abrange uma região maior, e proporciona a interação entre pesquisadores e pesquisas das duas instituições. Os alunos de Ponta Grossa participam de cursos em Irati e Guarapuava (sede da Unicentro), e vice-versa, e têm coorientadores no outro campus. Dependendo da linha de pesquisa ou projeto do aluno, ele deve cursar disciplinas também em Irati. A atual pós-doutoranda do programa dividiu-se entre UEPG e Unicentro, desenvolvendo sua pesquisa em Ponta Grossa no ano passado e em Irati neste ano.
O programa envolve seis professores da UEPG, sendo um deles colaborador; e seis professores da Unicentro. O doutor Gabriel Carranza, da University of North Texas (UNT), participa do programa constantemente, ministrando aulas em inglês. A parceria com a UNT vem desde o início do programa, possibilitando intercâmbio de pesquisas e conhecimentos, bem como docente e estudantil. No final de 2017, quatro alunos brasileiros devem passar uma semana no Texas, enquanto quatro estudantes da UNT ficam no Brasil pelo mesmo período. Outras atividades internacionais envolvem workshops em inglês, com a presença de professores de outros países, o que incentiva os estudantes a participar de projetos ou estudar no exterior.
Atualmente, o PPGESA possui em torno de 40 estudantes matriculados. No campus UEPG, são 18 alunos regulares e três em regime especial. A maioria dos ingressantes é formada em faculdades de engenharia, e alguns deles são trabalhadores da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Muitos graduados em Engenharia Civil pela UEPG se interessam pelo mestrado, e muitos mestres prosseguem ao doutorado. Os funcionários da Sanepar costumam buscar apenas o mestrado.
“A parceria com a UNT vem desde o início do programa, possibilitando intercâmbio de pesquisas e conhecimentos, bem como docente e estudantil”
O ingresso de engenheiros da Sanepar no programa tem trazido melhorias para a população ponta-grossense. Isso porque muitos dos estudos desenvolvidos por esses engenheiros são aplicados no processo de tratamento de água, já que eles buscam no mestrado pesquisas para resolver problemas enfrentados no trabalho. Como exemplo, a dissertação de Elaine Carvalho da Paz, que possibilitou o estabelecimento de uma estação dentro da Sanepar para remover ferro e manganês da água.
A Sanepar patrocina algumas iniciativas do programa, como o projeto de dessanilização de água feito na Praia de Leste, em Pontal do Paraná. A pesquisa usa tecnologias recentes e avançadas, e também recebe recursos da Secretaria de Estado dos Estados Unidos. Duas estudantes do PPGESA fazem parte da equipe pesquisadora. O mestre Juliano Penteado de Almeida foi o primeiro participante do projeto (e do programa) a defender uma dissertação sobre o tema, mostrando a eficiência da ultrafiltração e da osmose reversa para dessanilizar água salobra.
A estrutura do programa de pós-graduação é composta por diversos laboratórios, compartilhados com os graduandos, e instalações próprias, com destaque ao laboratório de saneamento e instalações hidráulicas. O bloco de Engenharia Civil, no campus Uvaranas, foi recentemente ampliado, adquirindo mais dois laboratórios e uma sala para os alunos do mestrado.
Para a coordenadora do PPGESA, Giovana Wiechetek, o programa incentiva e dá oportunidade para os egressos da graduação de cursar um mestrado na universidade. Além disso, com uma pós-graduação, o departamento de Engenharia Civil recebe mais recursos financeiros para melhorar sua estrutura. Assim, o programa contribui com a qualificação profissional dos engenheiros e traz melhorias também para a graduação.
Como metas futuras, a principal é instituir um doutorado e promover mais o curso. O programa deve ser avaliado pela primeira vez nesse ano, e Giovana espera um conceito melhor para possibilitar a criação do doutorado. A coordenadora ressalta a importância de angariar mais recursos para melhorar as instalações e adquirir mais equipamentos para o PPGESA. Outro objetivo é o aumento do corpo docente, para abrir mais vagas de ingresso.
O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental abre turmas no início de cada ano, e recebe alunos especiais semestralmente. A duração do mestrado é de 24 meses. São aptos egressos de Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, (Engenharia) Química, Biologia, e áreas correlatas. A seleção é feita através de prova escrita, entrevista e avaliação de currículo. No último processo seletivo (2017), foram disponibilizadas 20 vagas.
Linhas de Pesquisa
Tratamento de Água de Abastecimento e Águas Residuárias
Linha de pesquisa que envolve atividades práticas, desenvolvimento e aplicação tecnologias e processos visando à melhoria de projetos e operação das unidades de tratamento de água de abastecimento ou águas residuárias. Responsável pelo tratamento de efluentes industriais, remoção de partículas e elementos da água, manutenção do equilíbrio e controle da qualidade ambiental.
Recursos Hídricos e Meio Ambiente
Estuda instrumentos, processos, métodos e políticas através de ação multidisciplinar, buscando o uso qualitativo e quantitativo dos recursos hídricos em harmonia com a preservação do meio ambiente. Desenvolve e aplica metodologias para monitoramento e modelagem quantitativa e qualitativa para o aproveitamento integrado dos recursos hídricos. Pesquisas sobre qualidade do ar em processos industriais, questões geológicas e processos erosivos, para o controle da qualidade ambiental.
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