Alemães em Ponta Grossa no contexto do início da Segunda Guerra Mundial

Alemães em Ponta Grossa no contexto do início da Segunda Guerra Mundial

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, e o Brasil posicionando-se com os Aliados (França, Inglaterra, Rússia e Estados Unidos), o cotidiano do imigrante alemão e de seus descendentes mudou na cidade de Ponta Grossa. Acostumados a uma vida sem grandes conflitos políticos na sociedade local,  passaram a sofrer constantes repressões e a viver com perseguições e represálias por parte do Estado, bem como por certas parcelas da população. Aos poucos passaram a ser vistos como possíveis “inimigos infiltrados” na pátria brasileira, membros integrantes da mais poderosa potência que compunha os países do Eixo (que incluía também a Itália e o Japão).

Os alemães e seus descendentes no contexto da Segunda Guerra tiveram que  conviver com a insegurança e o preconceito sutil e explícito por sua identidade étnica. Preconceito ‘velado’ sobre imigrantes alemães pode ser observado na edição de 25 de maio de 1938 do jornal Diário dos Campos, antes mesmo do conflito bélico iniciar. O periódico, pelo viés do discurso assimilacionista,  pediu aos alemães que os seus costumes germânicos não fossem completamente implantados na região, e que as tradições nacionais brasileiras fossem respeitadas. O Diário dos Campos, em sua quarta página, registrou :

“[…] Não desejamos que os estrangeiros rompam com os costumes que de sua pátria trouxeram. Queremos, sim, que trabalhando pelo engrandecimento do Brasil eles saibam dignificar a sua terra natal, sem pretender no entanto implantar em nosso meio grupos com todas as características próprias sem assimilação na pátria ” (DIÁRIO DOS CAMPOS,  25/05/ 1938, p. 4).

A partir de janeiro de 1942, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, muitos imigrantes alemães e seus descendentes nos Campos Gerais tiveram que se adaptar aos novos tempos. Sobre eles recaíram diversas exigências com a Portaria nº 30 da Chefia de Polícia do Estado, expedida no final de janeiro daquele ano. Entre  as exigências, a de ter de carregar salvo-conduto expedido por autoridade policial quando quisessem viajar de uma localidade para outra, por exemplo.

A sociabilidade germânica passou a ser duramente cerceada neste período. Pela mesma Portaria nº 30 aos” súditos” alemães foram proibidas reuniões “ainda que em casas particulares, a título de comemorações de caráter privado (aniversários, bailes, banquetes, etc.)”; eles não podiam “discutir ou trocar ideias em lugar público sobre a situação internacional”; além disso, estavam proibidos de usar o idioma alemão “nas conversações em lugar público (ruas, cafés, casas de diversões, etc.)”( CORREIO DO PARANÁ, 29/01/1942, p. 3).

FONTES

Correio do Paraná, 29 de Janeiro de 1942.

Diário dos Campos, 25 de maio de 1938.

REFERÊNCIAS

RIBAS, Inês Becher. O imigrante alemão e o cotidiano de Ponta Grossa durante a Segunda Guerra Mundial. Monografia de Especialização em História e Sociedade: novas tendências e abordagens. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

Autor: Fernando Galvão Silva

Acadêmico do 4º ano do curso de Bacharelando em História UEPG

Ano: 2018

Revisão: 2019

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