A gripe de 1918 na capa do Diário dos Campos

Texto: Rafael Schoenherr

A gripe de 1918, também chamada à época de “influenza hespanhola”, ganhou a capa do Diário dos Campos em Ponta Grossa de outubro a dezembro daquele ano.

Sob propriedade do jornalista Hugo Reis, o periódico contabilizava apenas um óbito no mês de outubro. Ainda assim, aumentava a procura por médicos. “O Dr. Flaviano Silva tratou de 24 doentes de influenza, 21 ficaram bons”, registra o jornal. O Dr. Loyola tinha 11 pacientes e o Dr. Eduardo Emilla, 17.

A avaliação do Dr. Paula Braga era de que o número estava dentro da normalidade. “A verdade é que meia duzia de casos tiveram feição mais grave (…), embora não ocasionassem morte alguma”, cita o noticiário. Percebe-se que o jornal tenta acalmar a população: “O estado sanitario de Ponta Grossa é bom”; “A população pode, pois, tratar calmamente da sua vida. Nada ha que possa sobressalta-la”

O quadro é diferente no fim de novembro do mesmo 1918. Um total de dez obituários ocupa a capa do Diário dos Campos. O título principal grafa “Os mortos”. Entre eles, o diretor financeiro da publicação, Antonio Hoffmann.

O texto de abertura se desculpa com os leitores pelo hiato de duas semanas na circulação, em função do flagelo ter acometido boa parte da equipe do jornal. Aqui o noticiário passa a utilizar o termo “peste” em referência à doença que se espalha. Uma das notas registra a chegada de mais medicamentos em função do aumento na demanda.

Dali a menos de um mês, em meados de dezembro de 1918, as notícias na primeira página do Diário dos Campos dão conta de que “A peste declina”: “Segundo informações telegraphicas de todos os pontos do país, parece que a influenza hespalhola está em franco declínio. Excellente noticia!”. A gripe já teria cumprido em Ponta Grossa “sua desoladora tarefa de extermínio”.

O texto, assinado por Souza Moraes, conclui: “Bons ventos a conduzam é o que sinceramente desejamos, fazendo votos que ao Brasil não volte nunca mais”.

A mesma edição aponta que o prefeito de Teixeira Soares acudiu seus munícipes durante a epidemia de gripe, chegando a oferecer, de casa em casa, caldo de galinha para reconfortar os enfermos.

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(Imagens de jornais do acervo da Casa da Memória Paraná)

 

Comentários: 1

  1. […] em Ponta Grossa sobre a chegada da “peste bubônica”. Mais tarde, vai acompanhar os impactos da gripe espanhola de 1918, além de diversos outros flagelos que desafiavam a saúde da população local. O jornalista se […]

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