A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou na última semana as formaturas institucionais. De volta ao formato presencial, depois de um hiato de dois anos com formaturas online, devido à pandemia e às recomendações de distanciamento social, a UEPG repetiu as noites de emoção e alegria com os alunos, professores, servidores, familiares e convidados, reunidos para comemorar a colação de grau dos formandos do ano letivo de 2021.
A última vez em que foi possível realizar uma semana como essa, foi em março de 2020, dias antes do decreto de fechamento do comércio não essencial, como prevenção à contaminação pelo coronavírus. Foi possível matar a saudade, abraçar, rever e se comover mais uma vez, nas noites de segunda (06) a quinta-feira (16), em que 691 estudantes dos seis setores do conhecimento da UEPG colaram grau.
A programação
Os setores de Ciências Exatas e Jurídicas abriram a semana de formaturas. Os 115 acadêmicos foram graduados na segunda-feira (06), no Clube Verde, local que sediou as formaturas institucionais nos quatro dias. O orador do setor de Ciências Jurídicas, Carlos Andrei Nahm Gross, teve a responsabilidade de pôr em palavras o significado e sentimento da formatura e da trajetória no curso. “Foi um grande desafio sem sombra de dúvidas. Mas ao mesmo tempo uma enorme honra. Não foi fácil resumir o misto de sentimentos e emoções que tomou conta de cada um de nós formandos nessa ocasião, em parte porque não foi uma formatura qualquer, mas a primeira institucional de Direito presencial pós-pandemia, e essa realidade impôs um desafio a todos os alunos que outrora estavam habituados ao ensino remoto, isso sem contar as perdas de familiares e amigos que ocorreram nesse período”. Carlos também enfatiza que os formandos deste ano são sobreviventes. “Atravessamos a tormenta, com coragem, garra e determinação, mas também esperança. Esperança neste dia de formatura e nos que virão a partir e por consequência desse. É uma experiência que ficará marcada para sempre em nossos corações e nossas mentes”.
Na segunda noite de formaturas, foi a vez dos acadêmicos do Setor de Engenharias, Ciências Agrárias e Tecnologia. Ao todo, foram 164 novos graduados nos cursos de Agronomia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Civil, Engenharia de Computação, Engenharia de Materiais, Engenharia de Software e Zootecnia. Para o novo zootecnista Willian Ricardo Zadra, a espera foi um pouco além do esperado: ele foi a última pessoa da segunda noite de formaturas a se formar. “Eu estou muito animado, mesmo sendo o último da fila. Mas isso não importa, porque é igual para todo mundo”, brincou o graduado antes da cerimônia. Zadra também considera muito gratificante o retorno às formaturas presenciais. “É muito interessante poder reunir todos os cursos do Secate”, adiciona.
Além do diploma em Engenharia Civil, Rômulo Augusto Teixeira também pôde coletar outro certificado: a láurea acadêmica. “Não é um objetivo que eu busquei durante o curso, mas é um resultado de todo o esforço”, comenta o laureado. Rômulo espera retribuir a honra para a sociedade. “Ser homenageado pela Universidade Pública como a UEPG me deixou muito feliz. Agora eu espero poder retornar a láurea acadêmica para a comunidade”, frisa.
A quarta-feira (08) foi a noite que mais reuniu cursos e alunos. Foram 269 formandos dos setores de Ciências Sociais Aplicadas e de Ciências Biológicas e da Saúde. O tamanho da comemoração da terceira noite de formaturas precisava fazer jus ao número de formandos, e fez. A noite contou com três entregas de canudo aos alunos pelos pais. A servidora aposentada, Josiane Hilgenberg de Oliveira Capote, entregou o canudo ao filho Giulliano, formando em Ciências Econômicas. O professor Osvaldo Marta Calegari vibrou com a formatura do filho Murilo, entregando o canudo ao agora Licenciado em Educação Física. O professor Sandro Rogério Camargo, de Ciências Contábeis, entregou com orgulho o canudo ao filho Sonny. “Ver o meu filho recebendo a colação de grau do curso de Ciências Contábeis da UEPG representa um motivo de orgulho, satisfação e tranquilidade, porque eu sei da qualidade e solidez da formação humana e profissional que recebeu. Eu me considero uma pessoa muito privilegiada pois tive a oportunidade de entregar o diploma para o meu filho, trinta anos após a minha formatura na mesma instituição e no mesmo curso de graduação. Foi uma sensação indescritível e incomensurável. Foi um misto de alegria, orgulho e gratidão, só tenho a agradecer à UEPG por fazer parte da minha vida e continuar fazendo”, compartilhou o pai emocionado.
O formando recebeu o canudo feliz pela conquista e com amor pela UEPG. “É um privilégio estudar numa Universidade como a UEPG. Essa experiência me fez crescer como pessoa. Eu tive a chance de conhecer muitas pessoas que estarão pra sempre na minha memória. Receber o diploma do meu pai, me ensina que em cada etapa da vida, as pessoas que amamos e nos amam sempre vão nos apoiar”, afirma Sonny.
Para o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, tantas entregas de diploma feitas numa mesma cerimônia por pais de formandos que possuem vínculo com a UEPG representam a confiança da comunidade na qualidade do ensino da instituição. “Ver que nossos professores e servidores confiam seus filhos à instituição em que eles trabalham e conhecem bem, reflete a confiança depositada na excelência do ensino oferecido pela UEPG, uma instituição pública, gratuita e de qualidade”.
Inclusão
Para o curso de Turismo, a formatura representou um marco: o primeiro aluno autista formado turismólogo pela UEPG, Leonardo Zander. O novo graduado conta que se sentiu realizado com a conquista, que representa uma vitória muito importante para ele. “Eu me senti muito emocionado além do diploma na mão e capelo na cabeça, também por representar essa inclusão tão importante para a instituição. E, assim, fico feliz e agradecido pela UEPG, sua equipe e pelos meus professores e colegas”, afirma. Segundo Leonardo, sua experiência pode servir de exemplo para outros que desejem, assim como ele, cursar o Ensino Superior. “Eu diria que as pessoas com autismo devem tentar entrar na Universidade Pública, principalmente porque ela oferece suporte aos alunos assim, como tutora e a assistência no processo do vestibular, o que ajuda muitos jovens. A UEPG é uma Universidade inclusiva, o que pode motivar demais autistas a ingressarem em cursos de graduação”, afirma.
Outro momento que emocionou a todos foi a formatura da indígena Kaingang, Fátima Koyo Lourenço. A mais nova graduada em Enfermagem se apresentou em frente à mesa de autoridades para receber o grau usando um adorno de penas na cabeça, substituído apenas pelo capelo enquanto foi ovacionada por todos os presentes, inclusive demais formandos, que a aplaudiram de pé. Fátima afirma que, desde o início, a trajetória da graduação foi de muito aprendizado, mas também de muito esforço. “O momento de ingressar na UEPG foi difícil, porque entre todos os inscritos do Vestibular Indígena, que sai todo ano, tem muitos concorrentes. Então foi difícil, mas sempre Deus em primeiro lugar que eu coloco e peço pra Ele que me dê sabedoria. E consegui conquistar uma vaga na UEPG e cursar Enfermagem”, conta. Além disso, Fátima relembra outras superações ao longo do curso: “Eu sempre falo que tem que ter coragem pra enfrentar tudo o que a gente passa na graduação, desde preconceito e outras coisas. Mas eu tive muita força. Teve horas em que eu pensei em desistir, mas a minha família me deu forças a continuar. Lutei de novo, pedi forças a Deus e consegui”, destaca.
Todo o empenho e superação foi reconhecido por quem estava presente na formatura. “Foi bem emocionante, porque eu nunca imaginei que a plateia toda, e os formandos também, iam me aplaudir em pé. Eu só não chorei para mostrar que eu venci. Se eu chorasse eu ia passar a ideia de que eu ainda não tinha chegado lá, mas a emoção estava dentro de mim. Foi muito gratificante quando o reitor me agradeceu por ter cursado na UEPG. Foi bem emocionante ver todo mundo em pé aplaudindo. Espero que, para os outros indígenas que estão na faculdade e os meus parentes, eu sirva de exemplo, para eles chegarem até onde eu cheguei também”, afirma Fátima.
Agora formada, Fátima pretende trabalhar como enfermeira em sua comunidade indígena. “Se eu tiver a oportunidade de ter uma experiência fora da aldeia também, mas o foco principal é trabalhar na minha aldeia. Porque hoje em dia as nossas aldeias têm uma unidade de saúde, o UBSI, então esse é o meu foco principal. Agora, sabendo que já sou uma profissional formada, isso é muito gratificante pra mim”, afirma.
Encerramento com chave de ouro e láureas
Para encerrar a semana, o Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes graduou 143 alunos na quinta-feira (16). O que roubou a atenção na cerimônia foi o expressivo número de láureas, sobretudo para os licenciados em Pedagogia. Dos 59 formandos em Pedagogia, 24 foram laureados. Somado aos formandos de outros cursos do setor, 38 graduados receberam a distinção da láurea acadêmica na cerimônia de quinta-feira. O reconhecimento é destinado aos graduandos que apresentaram desempenho curricular exemplar durante o período em que desenvolveram suas atividades acadêmicas, obtendo notas iguais ou superiores a 9,0 em 2/3 das disciplinas cursadas e notas iguais e superiores a 7,0 nas demais disciplinas do currículo pleno, conforme dispõem os artigos 195, 196 e 197 do Regimento Geral da UEPG.
A importância das Formaturas Institucionais
A Diretora Administrativa da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), professora Marcela Godoy, explica que a formatura, além da festa, envolve todo um procedimento protocolar e documental anterior ao dia de culminação da graduação. A colação, por si, é um ato solene – não necessariamente festivo – em que o reitor outorga o grau aos acadêmicos e acadêmicas, que passam a ter os direitos e deveres do profissional que se forma. “Na formatura particular, a empresa contratada não é responsável (e nem poderia ser), pela parte documental como a emissão do diploma, integralização do curso, pela contagem de horas complementares, nada consta da biblioteca, entre outras demandas. Quando a formatura passa a ser institucional, fica menos difícil sincronizar toda a parte documental com a cerimônia festiva de colação de grau. Assim como as agendas de quem preside as cerimônias, geralmente o magnífico reitor”, explica Marcela.
Danielle Cristina Carneiro Dykstra, responsável pelo Cerimonial da UEPG, afirma que a formatura institucional é um dos atos públicos e solenes da Universidade que afirmam seu propósito de existência. “É a garantia da outorga de grau em uma bela cerimônia, de forma inteiramente gratuita ao acadêmico: desde o empréstimo de becas e faixas nas cores de seu curso, o canudo, o convite a seus amigos e familiares e todas as fotos, realizadas com profissionais e distribuídas de maneira gratuita. Também é o momento em que o professor vê seu aluno transformando-se em profissional graduado, e que os anos de aprendizado se encerram com a entrega do canudo por suas mãos”.
O pró-reitor de graduação, professor Carlos Willians Jaques Morais, avalia que as formaturas institucionais condizem com o caráter público e gratuito da universidade. “As formaturas institucionais são importantes porque, a Universidade pública, pra ser democrática e inclusiva, precisa garantir espaços institucionais de manifestação e de reconhecimento dos nossos formandos”. A professora Marcela afirma que a formatura institucional é a forma mais compatível com uma Universidade Pública, gratuita e de qualidade. “Poder proporcionar aos formandos uma cerimônia pela qual eles não têm que desembolsar nada é uma grande conquista. A formatura institucional une, ao passo que a particular segrega, pois só participam os que podem pagar por ela”, enfatiza.
Claudio Fernandes Baranhuke Junior fez parte da equipe de cerimonial das formaturas institucionais pela primeira vez e afirma que o trabalho foi desafiador profissionalmente. “Enquanto funcionário do Escritório de Relações Internacionais (ERI), não estou acostumado com essas demandas. Além disso, minha colação de grau em 2020 também foi institucional, logo sinto que, de certa forma, retribuí com meu trabalho aquilo que recebi da UEPG”.
Os dias de formatura foram de festa, mas também de muito trabalho, que envolveram uma equipe preparada e dedicada – um momento de celebração feito por muitas mãos. “Em um período pós-pandêmico, a incerteza do retorno dos eventos de modo presencial foi uma das dificuldades da organização, além do receio por uma nova onda da Covid-19. Também trabalhamos em um número reduzido de servidores, o que acarreta em uma grande quantidade de trabalho nos dias que antecedem a formatura. Porém, os servidores da UEPG mostraram-se, mais uma vez, muito unidos, não medindo esforços para que as colações ocorressem da melhor maneira possível”, conta Danielle.
A Prograd é fundamental para que as formaturas aconteçam. A professora Marcela reforça que o trabalho para formar tantos alunos é grande, mas gratificante. “Na UEPG, o ato solene, da qualidade de tudo aquilo que é sério, começa em nossas equipes que trabalham incansavelmente nos bastidores, para que nossos acadêmicos e acadêmicas possam ter uma cerimônia gratuita e de qualidade”.
Claudio avalia que a cordialidade e trabalho bem feito pela equipe foi a parte mais especial para ele. “O pessoal que ficou nos bastidores deu um verdadeiro show de comprometimento e dedicação para que os formandos pudessem brilhar em seu grande momento”, afirma. Da mesma forma, Danielle destaca que o brilho no olhar dos formandos, de seus familiares e amigos a emocionou em todas as noites de formatura. “Percebemos que o dia da colação de grau é um dia muito esperado durante a vida toda do acadêmico, culminando na outorga de seu título. São histórias de superação, de determinação, que após dois anos de pandemia, puderam ser finalizadas presencialmente, em meio a seus convidados”.
Para a responsável pelo cerimonial, o encerramento da semana de formaturas é avaliado de maneira muito positiva. “Mesmo com uma grande quantidade de formandos, professores e servidores envolvidos, as formaturas institucionais alcançaram seu objetivo primordial: a graduação de seus acadêmicos, além de se fortalecerem enquanto evento institucional gratuito, engajando diversos setores da Universidade”, finaliza Danielle.
Texto: Cristina Gresele e William Clarindo | Fotos: Cristina Gresele, Jéssica Natal, Julio César Prado, Mauricio Bollete e William Clarindo